O PS voltou a ganhar as eleições regionais dos Açores, obtendo 39,13% dos votos, o que não garante a maioria absoluta. Os resultados levam o partido a pensar já em eleições antecipadas.
“[O governo regional] está feito num molho de brócolos”, disse uma fonte socialista ao Observador. Apesar de o PS ter vencido as eleições, o resultado é inesperado, sendo que se esperava a maioria absoluta. Se os socialistas tivessem conseguido eleger mais um deputado, apenas precisavam de chamar o CDS para governar.
Mas a realidade é diferente e o PS tem de fazer outras contas para o conseguir. Dentro do partido há quem diga que “não vai ser possível” governar com o Parlamento fragmentado como está.
O PS/Açores olha para o CDS e para o PPM para formar governo, não deixando de parte o PAN. No entanto, nesta região autónoma, as dinâmicas regionais podem tornar mais difícil uma aliança com os ecologistas.
“Se o CDS fizer acordo com o PS, tem poder, e é o mais forte dos dois parceiros de coligação; se fizer com o PSD é só mais um no meio de tantos e fica a par do Chega”, disse uma fonte do PS ao Observador.
O PPM ganhou força nestas eleições, triplicando o número de votos e tendo conseguido formar um grupo parlamentar sem necessitar sequer de recorrer ao círculo da compensação. Já o PAN, tem algumas divergências a nível ideológico tanto com o PS como com o CDS.
Muitos dos votos que fugiram aos socialistas foram para o Chega e alguns para o Bloco de Esquerda, escreve o Observador.
Agora, Vasco Cordeiro vai ser chamado a tentar formar governo, tendo três semanas para essas negociações. Caso não consiga uma maioria estável, o PSD é chamado a serviço. No entanto, pode haver um conflito entre o que é a “prática” comum e o que diz o regimento da Assembleia Regional sobre a aprovação do programa de governo.
Nos últimos anos, o programa de governo vai a votos na Assembleia Regional, embora o regimento não obrigue a isso.
“Pode haver um conflito entre a praxe e o regimento, mas se assim for, ganha o regimento”, comenta-se no PS. Se assim for, será preciso um partido da oposição desafiar o governo de Vasco Cordeiro apresentando uma moção de censura que, a ser aprovada, resulta automaticamente na queda do governo.
Caso o PS não consiga ver o programa de governo viabilizado na Assembleia, eleições antecipadas podem ser a única hipótese, levando os açorianos novamente às urnas. Isto porque para o PSD governar pode ter de juntar toda a direita (CDS, Chega, PPM e Iniciativa Liberal).
“O regimento da Assembleia Regional não foi feito para governar assim. Foi feito quando havia apenas três partidos na Assembleia, e é preciso maioria de dois terços para o alterar”, argumentam os socialistas.