O alerta partiu do bastonário da Ordem dos Médicos que denunciou a “péssima condição” a que os utentes estão sujeitos.
Miguel Guimarães desafiou esta segunda-feira a ministra da Saúde a visitar o departamento de Psiquiatria do Centro Hospitalar Tondela Viseu (CHTV) que está “em péssimas condições” e, segundo o diretor, “não permite privacidade entre utentes”.
O bastonário considerou que, às vezes, tem de se “ouvir as pessoas e ver com os próprios olhos como é que as coisas estão para poder tomar decisões com o máximo de informação possível”.
O representante da OM falou aos jornalistas após uma reunião com os responsáveis pelo departamento de Psiquiatria, que sucedeu a um encontro com a administração do Centro Hospitalar Tondela Viseu. “A administração disse-me que têm, neste momento, três prioridades como o serviço de urgência que já está encaminhada, e depois a oncologia e a psiquiatria, porque as condições para os doentes oncológicos são péssimas”, referiu.
Guimarães defendeu que “tem de ser uma das prioridades do país” uma vez que no seu entender “a saúde mental é a grande pandemia deste século XXI” e, por isso, deve-se aproveitar “o apoio especial da União Europeia, que tem de ter uma parte para aplicar na saúde”.
“Neste momento, a prioridade das prioridades é saírem deste espaço físico e irem para um espaço físico que seja consentâneo com a dignidade que os nossos doentes e os nossos profissionais de saúde merecem”, exigiu o bastonário.
No seu entender, “é o momento de dar a Viseu aquilo que as pessoas que dependem desta área precisam, ou seja, acesso a cuidados de saúde qualificados, em instalações que sejam adequadas e dignas”.
Refere ainda que “em termos daquilo que é a qualidade dos profissionais, Viseu tem uma qualidade de topo a nível nacional em várias áreas específicas e a psiquiatria é uma delas”, assumiu o bastonário, que lembrou que funciona “há imensos anos” num antigo sanatório.
O diretor do departamento psiquiátrico, há 18 anos, Jorge Humberto Silva, admitiu aos jornalistas que, desta vez, acredita que verá, “até ao início do próximo ano, uma maquete do projeto para junto do CHTV”, porque “desta vez há uma mobilização global em várias áreas da sociedade” e “também um encontro desta administração para agilizar” o projeto.
“As condições das estruturas não são dignas para utentes da saúde mental. Desde a tipologia de camas, à falta de privacidade dos quartos, à limitação de área de sanitários”, admitiu o diretor do departamento.
Jorge Humberto Silva contou que o espaço conta “com 22 camas em cada ala, (feminina e masculina) com duas casas de banho, duas áreas sanitárias e duas de chuveiro, com incapacidade de garantir água quente para todos os utentes na manhã, por isso recorre-se a turnos de banho”.
Num edifício com várias décadas, e “sem saber se alguém sabe precisar o ano de construção, porque é muito antigo”, o diretor contou que, “muitas vezes, há dificuldade em ter as grelhas de aquecimento a funcionar na totalidade”.
“Estamos numa zona florestal, com uma envolvente muito significativa e é normal e tem acontecido encontrar, nomeadamente na zona de arquivo, encontrar ratos e outro tipo de animais, nomeadamente, répteis”, assumiu Jorge Silva.
O médico lamentou ainda “o estigma que existe até pela iliteracia em saúde mental que existe no país” em que “as escolas ensinam o sistema circulatório, o sistema respiratório, mas não ensinam absolutamente nada sobre saúde mental, sobre emoções, comportamentos, sobre afetos” e isso “é uma lacuna”.
ZAP // Lusa
Que raio, então os ratos e os répteis não têm direito à saúde mental? – Aí está algo em que Portugal poderá ser precursor!