As autoridades da Bielorrússia rescindiram o credenciamento de todos os jornalistas que trabalham para meios de comunicação estrangeiros, dizendo que devem fazer o pedido novamente, um processo que pode demorar mais de uma semana.
Esta ação é a mais recente das autoridades bielorrussas contra jornalistas e meios de comunicação durante a vaga de protestos quase diários contra o Presidente, Alexander Lukashenko, que ganhou um sexto mandato nas eleições de 9 de agosto, mas que não é reconhecido pela maior parte da comunidade internacional.
“Na situação atual, somos forçados a exercer o nosso direito soberano e aplicar as medidas de proteção necessárias, inclusive na forma de novas disposições dos regulamentos”, pode ler-se no comunicado do Ministério de Negócios Estrangeiros da Bielorrússia.
O ministério disse que os jornalistas que trabalham para meios estrangeiros podem inscrever-se para novas credenciais a partir de segunda-feira, sendo que a creditação temporária seria considerada em cinco dias e a creditação permanente em 30 dias.
No início desta semana, as autoridades bielorrussas suspenderam por três meses as credenciais do popular portal de notícias independentes tut.by, que cobriu extensivamente os protestos desde o ato eleitoral.
Alguns jornalistas estrangeiros credenciados foram deportados em agosto, incluindo dois da agência norte-americana Associated Press (AP), e as credenciais de dois cidadãos bielorrussos que também trabalhavam para a AP foram revogadas.
Desde que a campanha presidencial começou na Bielorrússia este ano, 207 jornalistas foram detidos, de acordo com a Associação de Jornalistas da Bielorrússia. Onze repórteres estão atualmente atrás das grades, condenados entre três a 15 dias de prisão sob a acusação de participarem em protestos não autorizados.
“As autoridades querem evitar que jornalistas dentro e fora do país informem sobre os protestos que não diminuíram há dois meses”, afirmou Boris Goretsky, vice-presidente da associação de jornalistas.
UE impõe formalmente sanções a 40 pessoas
O Conselho da União Europeia (UE) impôs, esta sexta-feira, sanções a 40 pessoas na Bielorrússia, por ações de repressão e intimidação sobre manifestantes, opositores e jornalistas, conforme decidido na véspera pelos líderes dos 27, no Conselho Europeu.
A lista inclui o ministro dos Negócios Estrangeiros, Yuri Khadzimuratovich Karaev, entre outros responsáveis políticos e pelos serviços de segurança na Bielorrússia.
Segundo um comunicado do Conselho da UE, as sanções (congelamento de bens e proibição de viajar para a UE) abrangem 40 pessoas identificadas como responsáveis por repressão e intimidação de manifestantes pacíficos, opositores políticos e jornalistas na sequência das eleições presidenciais na Bielorrússia, bem como de conduta indevida no processo eleitoral.
As proibições de viajar impedem que os visados entrem ou transitem no espaço da UE e o congelamento de bens abarca os fundos ou outros recursos económicos, interditando ainda os cidadãos e empresas comunitários de lhes disponibilizarem fundos.
A decisão de impor sanções à Bielorrússia foi adotada pelo Conselho Europeu, na quinta-feira, tendo os líderes dos 27 condenado a violência das autoridades contra manifestantes pacíficos, bem como as intimidações e detenções arbitrárias na sequência das eleições Presidenciais.
ZAP // Lusa
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