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Um mural de Jack, o Estripador está a causar pesadelos aos moradores de Londres

Quem não conhece a história de Jack, o estripador? Mas para os moradores de East End, em Londres, é agora ainda mais difícil esquecer o misterioso assassino em série que assombrou a cidade no século XIX.

Pouco antes da quarentena obrigatória ter sido estabelecida no Reino Unido, uma obra de arte que retrata um misterioso homem foi fixada num edifício de Londres – onde se localiza o famoso bar Duke of Wellington. A imagem do homem pode ser assustadora (até porque aprece com as mãos cheias de sangue), e isso parece ter perturbado alguns moradores da zona de Spitalfield.

Segundo o The Guardian, os moradores da zona ficaram horrorizados quando perceberam que o mural – da autoria de Zabou, artista de rua francesa – era uma representação moderna do famoso assassino Jack, o Estripador, que não ficou conhecido pelas melhores razões.

O assassino é representado na imagem com um chapéu preto, e com o rosto e as mãos manchados de sangue. De acordo com o jornal britânico, na zona de East End as pessoas interessam-se pela história e têm interesse em explorar mais sobre o mito do famoso assassino em série.

Jack, o Estripador é o pseudónimo mais conhecido para designar o famoso assassino em série, que nunca chegou a ser identificado e que atuou na periferia de Whitechapel, em Londres no ano de 1888. Os ataques de Jack envolviam normalmente prostitutas que viviam e trabalhavam nos bairros pobres de East End, cujas gargantas eram impiedosamente cortadas.

Tendo em conta o historial da personagem, pode parecer estranho que alguém queira glorificá-la através de arte de rua, e há mesmo quem não concorde com isso. O escritor Tim Elliott, um dos críticos, resolveu subir ao edifício onde se localiza o moral para escrever – junto da imagem de Jack – o nome das suas cinco vítimas.

Elliott conta ao The Guardian que entrou em contacto com a artista para lhe dar a conhecer o descontentamento dos moradores da zona, inclusive o seu, mas parece que esta não tinha noção do impacto da sua obra. Por isso, a decisão de Elliott de escrever os nomes das cinco mulheres, tinha como principal objetivo “restabelecer o equilíbrio da imagem”, sendo que assim a história de Jack, o Estripador poderia ficar mais bem contextualizada.

O bar Duke de Wellington, ofereceu a parede como uma “tela em branco” à francesa Zabou – uma artista de rua que mora em Londres. O moral pode ser observado a apenas apenas alguns metros de um barbeiro que também homenageia o assassino inglês e que por isso se chama “Jack the Clipper”. Há também um museu sobre a vida de Jack, o Estripador, que foi inaugurado apesar de muitos protestos locais.

A artista francesa explicou ao The Guardian, depois de toda a controvérsia em torno da sua obra, que “a intenção nunca foi chocar ou fazer ninguém se sentir desconfortável, muito menos glorificar o Jack. É completamente normal que todos tenham uma reação diferente a obra”.

Zabou revela que percebe algumas das reações, mas defende que “uns amaram, outros odiaram, e há quem tenha ignorado. Acredito que não há assuntos errados na arte, e que as obras de arte em geral devem ser o início de uma conversa. Caso contrário, o maior perigo para os artistas passa a ser a auto censura e a correção”.

Hallie Rubenhold, autora de The Five, um mural que retrata as mulheres que morreram às mãos do estripador, diz que já é altura das pessoas pararem de tentar tirar benefícios com assassinatos. “Esta é uma celebração de um assassino – um homem que assassinou mulheres, que literalmente as despedaçou. Muitas pessoas não pensaram sobre isso”, afirma.

Rubenhold mostra-se surpreendida por ter sido uma mulher a pintar este tipo de obra, e sugeriu a Zabou que fosse criado um novo mural onde o objetivo seria refletir sobre como as mulheres foram e continuam a ser vítimas de assassinatos violentos. A artista defende que desta forma ser possível perceber melhor a história e “ajudar as pessoas a perceberem que Jack, o Estripador foi uma pessoa real e matou pessoas reais”.

Zabou concordou e vai colaborar no novo projeto.

ZAP //

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