A ministra do Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, rejeitou a “ideia de que as escolas não estão preparadas”, dizendo mesmo que “se há sítio seguro, esse sítio é a escola”.
Em entrevista à TVI esta segunda-feira, a ministra do Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, disse que “o mais importante é dizer a todos os portugueses que, desde julho, as escolas estão a trabalhar para receber as crianças e jovens” e considera que o Governo está a fazer “o esforço necessário e a estabelecer as regras necessárias”.
Mariana Viera da Silva frisou o “reforço significativo de assistentes operacionais, de professores e de técnicos” e refutou a “ideia de que as escolas não estão preparadas”.
“Se há sítio seguro, se há sítio que está a trabalhar para garantir todas as condições, esse sítio é a escola”, afirmou.
A ministra admitiu que “estamos a ver hoje uma evolução mais negativa da pandemia, pior do que estávamos há 15 dias”. Em relação às novas medidas de contingência, em vigor a partir desta terça-feira, a Mariana Viera da Silva salientou que o Governo tomou essa decisão “por saber que teríamos uma grande movimentação de pessoas”.
O plano de contingência serve “para podermos acomodar este regresso às escola de todos os jovens e crianças e o regresso ao trabalho de muitos que até agora estavam em teletrabalho. São as medidas “necessárias e nunca mais do que as necessárias”.
Questionada sobre os ajuntamentos em Fátima e na Festa do Avante!, Mariana Vieira da Silva disse que “o Governo não tem neste momento condições para limitar eventos políticos ou religiosos”.
Ministro destaca investimento em recursos humanos
O ministro da Educação assegurou esta segunda-feira em Abrantes que o sistema está preparado para dar “resposta célere para que não haja ausência de docentes e não docentes”, destacando o “enorme investimento em recursos humanos” para este ano letivo.
“Este ano, de forma considerável, pudemos fazer um enorme investimento em recursos humanos, são mais 3.300 professores que chegaram às nossas escolas para trabalhar nas coadjuvações e no apoio tutorial específico”, alargado este ano do 5º ao 12º anos de escolaridade, disse à agência Lusa Tiago Brandão Rodrigues, à margem de uma visita à Escola Secundária Dr. Solano de Abreu, em Abrantes (Santarém), e que marcou o início do ano letivo naquele estabelecimento de ensino.
Questionado sobre as afirmações da Federação Nacional de Professores (Fenprof), de que o ano letivo vai arrancar com falta de funcionários e docentes na maioria das escolas portuguesas, o governante, além do referido reforço de mais 3.300 professores, disse ainda que “chegaram às escolas cerca de 900 técnicos de intervenção”, para apoio ao “esforço de consolidação e recuperação de aprendizagens”, dando como exemplos psicólogos e terapeutas da fala.
Brandão Rodrigues lembrou o “esforço considerável recente de reforço dos assistentes operacionais” e a “criação de uma bolsa de substituição que permite automaticamente substituir os assistentes técnicos e operacionais, cumprindo o verdadeiro efetivo de não docentes”, destacando ainda a importância da medida em ambiente pandémico.
Quanto às eventuais baixas de professores, o governante afirmou que “as reservas de recrutamento vão continuar a existir”, podendo os Agrupamentos de Escolas “semanalmente proceder a substituição, a pedido do diretor, dos profissionais que não estejam ao serviço” das escolas.
Brandão Rodrigues reiterou a aposta na transição digital educativa, tendo afirmado que ainda durante o primeiro período letivo “100 mil computadores chegarão às escolas”, a par da disponibilidade para “fazer chegar, de forma relevante, a todos os alunos, priorizando os de ação social escolar, mas também aos professores, com meios informáticos e de conectividade, necessariamente importante na eventualidade de não podermos ter aulas presenciais”.
Psicólogos defendem que escolas devem ter equipas
A Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) alerta para o eventual agravamento dos problemas educativos dos alunos e recomenda às escolas o reforço de equipas que estejam sempre disponíveis para ajudar os estudantes.
Mais de um milhão de alunos dos 1.º aos 12.º anos regressam esta semana às escolas e a OPP alerta que poderá haver um agravamento de situações como o insucesso ou abandono escolar. “As escolas devem reforçar as estruturas e recursos que dão resposta aos problemas educativos, de saúde psicológica e de inclusão mais frequentes”, defende a OPP, num documento sobre o regresso às aulas que realizou em conjunto com a UNICEF.
Entre os problemas, a OPP aponta os casos de absentismo, abandono escolar, problemas de aprendizagem, mas também dificuldades emocionais, relacionais, motivacionais e de ajustamento.
Depois de meio ano em casa, a OPP alerta ainda para eventuais dificuldades de atenção e concentração, assim como para problemas de comportamento e indisciplina, discriminação, exclusão social e estigma.
Por exemplo, os serviços de psicologia devem ter um local onde todos os alunos possam, espontaneamente, aparecer, sozinhos ou acompanhados, para falar com um adulto, refere o documento.
As escolas também devem estar atentas para os casos de alunos cujas famílias foram afetadas financeiramente pela pandemia sendo obrigados a uma rutura com o seu estilo de vida anterior, assim como a casos em que os alunos estiveram expostos a abuso e negligência.
A OPP sugere a criação de grupos de trabalho para planear e avaliar as políticas e práticas de saúde escolar, nomeadamente a saúde psicológica, e o reforço de programas ou projetos que apostem na proteção e inclusão de todos os alunos. No geral, as escolas devem recolher informação de forma regular e sistemática, que permita monitorizar a saúde psicológica de toda a população escolar.
ZAP // Lusa