Dirigentes do Podemos, assim como o partido, são acusados de administração desleal e peculato, na sequência de uma denúncia apresentada pelo ex-advogado do Podemos, José Manuel Calvente. Oposião quer a demissão do líder, Pablo Iglesias.
A investigação do alegado envolvimento do Podemos no caso de peculato e administração desleal, depois do alegado furto do telemóvel da ex-assessora, levou a oposição espanhola a pedir a demissão do líder do partido, Pablo Iglesias.
Os dirigentes do Podemos, assim como o partido, são acusados de administração desleal, na sequência de uma denúncia apresentada pelo ex-advogado do Podemos, José Manuel Calvente.
Segundo a agência EFE, depois de um mês de julho um tanto conturbado motivado pela investigação ao alegado furto do telemóvel da ex-assessora do Podemos, Dina Bousselham, agosto surge com outra investigação ao Podemos e com vários envolvidos.
Este cenário tem motivado pedidos de demissão e de renúncia de Pablo Iglesias, pelo PP e pelo Vox, enquanto o Podemos atribui esta última acusação a uma tentativa de desestabilizar o partido e o Governo. Já o presidente do executivo, Pedro Sánchez, apela para o respeito pelo poder judicial.
Esta semana foi conhecida a decisão de um tribunal de Madrid, ao imputar ainda os crimes de peculato e administração desleal ao secretário de comunicação e responsável pelas campanhas, Juan Manuel del Olmo, ao tesoureiro, Daniel de Frutos, e à gestora dos fundos, Rocio Val.
A denúncia partiu do ex-advogado, José Manuel Calvente, despedido em 2019, após uma denúncia por alegado assédio sexual e laboral contra outra advogada do partido, Marta Flor. Um caso que foi arquivado recentemente.
O Podemos pediu ao Tribunal de Madrid para anular o caso e contestou a declaração de Calvente, alegando estar indefeso por ter acedido apenas a parte da mesma, algo que o tribunal alterou após um pedido de Vox.
A presença desse partido numa denúncia popular é um dos aspetos criticados pelo Podemos, que acusa o juiz de abrir um inquérito “genérico e indeterminado”, que nasce de uma denúncia baseada, em sua opinião, em suspeitas do responsável pela Proteção de Dados do partido, o qual teria obtido documentação “violando” seu dever de sigilo.
Enquanto isso, o juiz ordenou várias diligências, entre as quais, dirigidas ao contrato para as obras da nova sede do Podemos em Madrid, às informações de salário e faturas, à documentação sobre a campanha eleitoral de abril de 2019 pelas empresas Neurona e ABC, ou às empresas mercantis nas quais Juan Carlos Monedero, cofundador do partido, aparece como administrador.
Pablo Iglesias, também vice-presidente do Governo espanhol, respondeu no Twitter, citado pela Efe, que “o financiamento do Podemos foi investigado repetidamente e nenhuma evidência de um crime foi encontrada”.
A denúncia de Calvente não é a única questão judicial que afeta o Podemos, já que o Tribunal Nacional investiga o alegado furto do telefone de Dina Bousselham, ex-assessora, no final de 2015, cujos dados apareceram na posse do ex-comissário José Villarejo.
O alegado furto ocorreu nos meses anteriores às negociações para a formação do governo em 2016, por isso estava a ser investigado se haveria uma relação com uma alegada espionagem política ao Podemos, na qual o ex-comissário interveio, o que sempre negou.
O ex-advogado também apareceu no ‘caso Dina’ depois do juiz o ter chamado a depor como testemunha.
Há poucos dias, Calvente classificou este caso como uma “farsa”, da qual ele diz se ter recusado a “participar”. Fê-lo no Twitter, onde justamente esta semana voltou a acusar “alguns dirigentes” do partido por terem alegadamente “posto a mão” na caixa.
O ex-advogado, que denunciou “uma perversa campanha para mantê-lo calado perante o Tribunal”, acredita que no Podemos há “uma alegada ‘corrupção dentro do partido’ e um alegado ‘financiamento ilegal’ de algumas lideranças”, refere a Efe.
// Lusa