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Hong Kong. Magnata da imprensa Jimmy Lai libertado sob caução

swanky-hsiao / Flickr

O bilionário Lai Chee-Ying, mais conhecido pelo seu nome ocidental Jimmy Lai

O magnata da imprensa e uma das principais figuras do movimento pró-democracia de Hong Kong Jimmy Lai foi esta terça-feira libertado sob caução, constatou a agência France-Presse. Jimmy Lai tinha sido detido na segunda-feira, ao abrigo da nova lei de segurança nacional, imposta pela China a Hong Kong.

A saída de Jimmy Lai de uma esquadra da polícia de Hong Kong foi acompanhada por um ruidoso grupo de apoiantes, que o vitoriaram. Jimmy Lai, de 72 anos, é o proprietário de duas publicações pró-democracia e frequentemente críticas de Pequim, o diário Apple Daily e o Next Magazine.

Visto por numerosos habitantes de Hong Kong como um herói e único magnata do território crítico de Pequim, Jimmy Lai é descrito nos meios de comunicação oficiais chineses como “um traidor”, que inspirou as manifestações pró-democracia realizadas na região chinesa, e o líder de um grupo de personalidades acusadas de conspirar com nações estrangeiras para prejudicar a China.

Em meados de junho, duas semanas antes de ser aprovada a nova lei de segurança nacional, Jimmy Lai disse à AFP esperar a detenção. “Estou pronto para ir para a prisão. Se isso acontecer, terei oportunidade de ler livros que ainda não li. A única coisa que posso fazer é ser positivo”, afirmou. Para o empresário, a nova lei “vai substituir” o regime legal de Hong Kong e “destruir o estatuto financeiro internacional” da cidade.

A lei da segurança nacional criminaliza atos secessionistas, subversivos e terroristas, bem como o conluio com forças estrangeiras para intervir nos assuntos da cidade.

O documento entrou em vigor em 30 de junho, após repetidas advertências do Governo de Pequim contra a dissidência em Hong Kong, abalado em 2019 por sete meses de manifestações em defesa de reformas democráticas e quase sempre marcadas por confrontos com a polícia, que levaram à detenção de mais de nove mil pessoas.

Hong Kong regressou à soberania da China em 1997, com um acordo que garante ao território 50 anos de autonomia a nível executivo, legislativo e judicial, bem como liberdades desconhecidas no resto do país, ao abrigo do princípio “um país, dois sistemas”, também aplicado em Macau, sob administração chinesa desde 1999.

População compra jornal pró-democracia

Habitantes de Hong Kong fizeram esta terça-feira fila para comprar o diário Apple Daily, em sinal de apoio ao jornal pró-democracia, após a detenção na segunda-feira do proprietário, ao abrigo da lei de segurança nacional.

Sinal da popularidade da oposição na antiga colónia britânica, muitos habitantes correram para as bancas para comprar o Apple Daily, que antecipou a procura, imprimindo excecionalmente 550 mil exemplares, contra 70 mil em circunstâncias normais.

O dono de um restaurante no popular distrito de Mongkok comprou cerca de 50 exemplares, explicando que tencionava distribuí-los gratuitamente aos clientes.

“Uma vez que o Governo não quer que o Apple Daily sobreviva, temos de ser nós, os habitantes de Hong Kong, a salvá-lo”, disse à agência de notícias France-Presse (AFP).

“A polícia está agora a lutar abertamente contra a liberdade de imprensa. Estou muito zangada”, afirmou uma mulher, que pediu o anonimato, em declarações à AFP, depois de comprar 16 exemplares.

O magnata Jimmy Lai, muito crítico de Pequim, foi uma das dez pessoas detidas na segunda-feira, numa vasta operação contra o movimento pró-democracia, tendo duas centenas de agentes policiais feito buscas ao diário de que é proprietário.

A manchete do jornal mostra uma foto de página inteira de Lai, escoltado pela polícia, com o título “O Apple [Daily] vai continuar a lutar”. Os apoiantes de Jimmy Lai também fizeram disparar as ações do grupo Next Digital, editor do jornal, com o valor em bolsa a subir 350%, após a detenção na segunda-feira.

ZAP // Lusa

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