Uma investigação do jornal espanhol El País e do site de jornalismo de investigação venezuelano Armando.info revela os pormenores de um esquema que fez escoar petróleo venezuelano em troca de milho e camiões-cisterna do México.
De acordo com a investigação, um acordo assinado em junho de 2019 pela empresa mexicana Libre Abordo e pela Corporação Venezuelana de Comércio Exterior (Corpovex) fez com que fossem expedidos mais de 30 milhões de barris de petróleo bruto – o que viola as sanções dos Estados Unidos contra a Venezuela.
O acordo estava divido entre dois contratos avaliados em 200 milhões de euros.
Os documentos do acordo entre a Venezuela e o México, ao qual o site Armando.info teve acesso, revelam inconsistências sobre a suposta natureza humanitária da fórmula concebida pelo colombiano Alex Saab e pelo mexicano Joaquín Leal, também alvo de sanções norte-americanas.
Fontes do regime de Nicolás Maduro “rejeitam o facto de se tratar de um negócio obscuro e afirmam que a falta de clareza nos contratos é uma consequência dos problemas que a Venezuela tem em fazer qualquer negócio face às sanções impostas pelos Estados Unidos”.
Por outro lado, os mexicanos não cumpriram a sua parte nos dois contratos, o que levanta mais suspeitas. As 200 mil toneladas de milho nunca chegaram à Venezuela e, dos mil camiões-cisterna adjudicados, chegaram em abril apenas 309 ao porto de La Guaira.
Os Estados Unidos têm perseguido agentes próximos do líder venezuelano como Alex Saab, detido em Cabo Verde em junho, na sequência de um mandado emitido pela Interpol.
Para os Estados Unidos, os intermediários mexicanos são cúmplices de um esquema para contornar as sanções e de uma rede de corrupção liderada por Alex Saab. O Governo norte-americano acredita que Saab é o organizador de negócios ilícitos que têm como principal beneficiário Maduro.
Segundo o jornal espanhol, as autoridades mexicanas abriram uma investigação sobre o acordo.