A Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve abriu 60 vagas para mobilidade interna de médicos durante o verão, mas até agora não há nenhum candidato.
De acordo com o jornal Público, o concurso para contratar 60 médicos lançado pela Administração Regional de Saúde do Algarve para reforçar o verão ainda não teve um único candidato.
Esta ARS oferece alojamento e paga deslocações, mas nem assim nenhum profissional de saúde se mostrou interessado em se candidatar.
Em declarações ao diário, o presidente da ARS, Paulo Morgado, afirma que este “é mais um instrumento que existe para cativar pessoas”, mas garante que não estão dependentes da mobilidade.
Para contrariar esta situação, a ARS do Algarve acaba por contratar médicos através de empresas de trabalho temporário ou de prestações de serviços.
À rádio TSF, o responsável lembra que, devido à pandemia de covid-19, este é um ano “atípico” e com menos turistas, logo há também menos procura nos serviços de saúde e situações de urgência.
O secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Roque da Cunha, diz ao jornal, por sua vez, que a mobilidade interna é apenas um “anúncio propagandístico” e afirma que os motivos pelos quais os médicos não escolhem a região para trabalhar “nem sequer são só financeiros”.
“O que é preciso é ter uma visão estratégica, para que no Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) haja investigação científica e se criem condições de trabalho para os médicos”, explica ao matutino.
Em declarações à TSF, o sindicalista recorda que este modelo também “não funcionou” no verão do ano passado – apenas dois médicos concorreram -, nem no ano antes desse, por isso é necessário procurar novas soluções.
Por último, o bastonário da ordem dos médicos, Miguel Guimarães, também diz que não está “nada surpreendido” com a falta de candidatos, até porque, neste momento, todos os médicos do SNS “estão exaustos” e têm muito trabalho nos respetivos locais de trabalho.