No início de julho, o Ministério da Educação anunciou algumas orientações sobre o próximo ano letivo que não contemplavam a Educação Física e o futuro da disciplina continua a ser uma incógnita.
Nas escolas, a falta de informações sobre como a Educação Física vai funcionar está a preocupar os docentes, de acordo com o Diário de Notícias. De acordo com Filinto Lima, dirigente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), “os professores de Educação Física estão ansiosos” com o novo ano letivo que se aproxima.
Quando as escolas foram encerradas para travar a propagação da pandemia de covid-19 em Portugal, a disciplina historicamente prática e de contacto teve de se adaptar à nova realidade do ensino à distância. “Foi a disciplina mais prejudicada”, segundo Avelino Azevedo, presidente do Conselho Nacional de Profissionais de Educação Física e Desporto (CNAPEF).
Na semana passada, o Ministério da Educação anunciou várias orientações sobre o funcionamento do novo ano letivo, mas a Educação Física ficou de fora. Segundo Filinto Lima, ouvido pelo DN, a disciplina é a que está “menos definida quanto ao futuro”.
Já o CNAPEF garantiu ao DN que ter Educação Física em regime presencial em setembro não é impossível. A confederação já está a preparar “um conjunto de orientações e recomendações para as escolas”.
A Educação Física ensina as modalidades, “mas não tem as mesmas regras que têm as modalidades”, explicou Avelino Azevedo, em entrevista ao DN. “Há várias formas de ensinar a mesma coisa, sem envolver o contacto físico com os colegas e o material” disponibilizado pela escola para o desporto. “Eu posso ensinar basquetebol fazendo um campeonato por skills, ver quem encesta mais vezes a sua bola“, acrescentando.
Além disso, os professores podem “selecionar [as modalidades] que considerem ser as que menos põem em risco os alunos no processo de ensino de aprendizagem” e ajustável ao novo plano de aulas.
Outra das preocupações das escolas passa pela utilização dos balneários. Segundo o presidente da CNAPEF, é necessário recorrer à organização de cada escola e dos horários elaborados para as turmas. “Se os alunos tiveram aulas no final do turno, vão logo para casa, como alguns já fazem. Ou então, têm aulas só de Educação Física à tarde”, exemplificou Avelino Azevedo.
“Pretendemos que as aulas ocorram de forma segura e adaptada à realidade de cada escola, daí eu entender por que é o Ministério da Educação não deu orientações específicas às escolas, porque funcionam em realidades diferentes e têm de se fazer valer da sua autonomia. Autonomia também é responsabilizar e é preciso responsabilizar os seus professores e os diretores no sentido de se criar condições para que o ensino seja efetuado de forma segura e seguindo as orientações da Direção-Geral da Saúde. Se disser que é preciso manter dois metros entre alunos, vamos fazer isso”, rematou Filinto Lima.