A casa onde nasceu o revolucionário argentino Ernesto “Che” Guevara, que preserva parte da herança de um dos principais líderes da revolução cubana, foi posta à venda na cidade de Rosário, anunciou esta sexta-feira o proprietário.
“Uma pessoa está a chegar a uma certa idade e é melhor pôr as coisas em dia. Não podemos deixar uma coisa num país e outra noutro, mas a atual pandemia acelerou a decisão”, disse Francisco Farruggia, empresário argentino que vive em Salvador, capital do estado brasileiro da Bahia, citado pela agência de notícias espanhola Efe.
Farruggia, presidente do Instituto Campus Party, e o seu sócio e amigo espanhol Manuel de la Rica Pascual, antigo diretor de publicidade do El País, compraram a propriedade em 2002, quando o empresário argentino vivia em Milão e viu um anúncio nos classificados.
“Tivemos um grande projeto cultural”, que era envolver o escritor e caricaturista argentino Roberto Fontanarrosa (1944-2007) e a cantora e compositora Mercedes Sosa (1935-2009), mas a doença e morte de ambos abortaram a ideia, explicou Farruggia.
O apartamento de 240 metros quadrados está localizado num edifício neoclássico de estilo francês na esquina das ruas Urquiza e Entre Ríos, desenhado por Alejandro Bustillo, considerado o maior expoente da arquitetura argentina.
Nos últimos 18 anos, com os novos proprietários, a residência onde nasceu o mítico revolucionário (1928-1967) tornou-se numa espécie de casa-museu para visitas privadas, porque, por ser um apartamento dentro de uma área residencial, não pode ser aberto ao público em geral. Farrugia disse que tinham conhecimento da restrição das visitas desde que a propriedade foi comprada.
“O que queríamos era tê-la como memória e foi por isso que sempre informámos os filhos de ‘Che’ e o Governo cubano para que pudessem participar com ideias e projetos”.
Além dos filhos de Guevara, a lista de visitantes do apartamento inclui o ex-presidente uruguaio José “Pepe” Mujica e o bioquímico argentino Alberto Granado (1922-2011), companheiro de “Che” nas viagens de motocicleta pela América do Sul na década de 1950.
“Sabemos que não podemos exigir num contrato ao novo proprietário o que fazer com o imóvel, mas teremos em conta entre as ofertas de compra aquelas que preservam a memória histórica do apartamento”, que se localiza num edifício declarado como património arquitetónico de Rosário, afirmou Ferruggia.
// Lusa