Uma estátua do rei dos belgas Leopoldo II, figura controversa do passado colonial da Bélgica, foi retirada, na terça-feira, de uma praça pública em Antuérpia e transportada para um museu local.
A retirada acontece dias depois de a estátua ter sido vandalizada no âmbito de protestos contra o racismo que juntaram milhares de pessoas em várias cidades belgas em homenagem a George Floyd.
O rei Leopoldo II (1835-1909) é há muito tempo uma figura polémica na Bélgica pelos excessos do seu governo no antigo Congo belga, actual República Democrática do Congo.
O soberano escravizou a população e submeteu-a a grande violência, havendo historiadores que apontam para a morte de cerca de 10 milhões de pessoas devido à violência, fome, exaustão e doenças.
Na Exposição Universal de Bruxelas de 1958, Leopoldo II chegou mesmo a aprovar a exibição de um “zoológico humano” com homens, mulheres e crianças do antigo Congo.
A polémica em torno do monarca reacendeu-se com o caso George Floyd, o norte-americano negro que morreu asfixiado sob os joelhos de um polícia branco, no final de Maio, nos Estados Unidos. Seguiram-se manifestações contra o racismo em várias cidades do mundo, incluindo na Bélgica.
Nas últimas semanas, várias estátuas de Leopoldo II foram vandalizadas – uma foi coberta de tinta no Museu de África em Tervuren, na Flandres- e foi lançada uma petição para a retirada de Bruxelas das estátuas e bustos do antigo rei. A petição recolheu em poucos dias 53 mil assinaturas.
Este mês, os partidos maioritários no parlamento belga pediram ao governo a criação de um grupo de trabalho para a “descolonização” do espaço público, através da revisão da toponímia relacionada com a história colonial do país.
Em Antuérpia, a estátua retirada esta terça-feira estava perto de uma igreja e tinha sido vandalizada na semana passada. A sua remoção do local já estava prevista no âmbito de uma remodelação da praça, mas a transferência para o Museu Middelheim foi antecipada e provavelmente não voltará a ser lá colocada, reconheceu o presidente da câmara, Koen Palinckx.
Em tempo de protestos anti-racistas, também o Reino Unido reavalia os seus heróis, nota o jornal Público. Os protestos fizeram questionar monumentos e até figuras incontornáveis, como o antigo primeiro-ministro Winston Churchill.
Numa das estátuas de Churchill em Londres, junto ao Parlamento, apareceu durante uma das manifestações, escrita a grafite, a frase “era um racista”. Embora seja considerado um herói da II Guerra Mundial, Churchill era um firme defensor do Império Britânico e expressou pontos de vista racistas.
No passado domingo, em Bristol, também a estátua do comerciante de escravos do século XVII Edward Colston, foi derrubada, arrastada pelas ruas e lançada para as águas do porto da cidade.
A estátua de Colston (1636-1721), um benfeitor da cidade que obteve a sua riqueza com o comércio e a exploração de escravos, já tinha sido objeto de controvérsia anteriormente, tendo um cidadão pedido anteriormente a sua remoção.
Por outro lado, activistas da Universidade de Oxford pedem a remoção de uma estátua de Cecil Rhodes, imperialista vitoriano na África do Sul que fez fortuna nas minas e financiou bolsas de estudo na universidade. Na estátua foi colocada a faixa “Rhodes, tu és o próximo”.
Em Edimburgo, na Escócia, surgiram também nos últimos dias pedidos para remover uma estátua de Henry Dundas, político do século XVIII que atrasou a abolição britânica da escravatura durante 15 anos.
Este sim, um verdadeiro animal!!
Tem que ser recordado, mas como representando o pior da humanidade!…