Itália permite, a partir desta quarta-feira, a livre circulação entre as suas regiões e abre as fronteiras com o resto da União Europeia, depois de três meses encerradas devido à pandemia de covid-19.
“Hoje parece uma conquista se pensarmos nas condições de há alguns meses. Conseguimo-lo com o sacrifício de todos, mas é preciso lembrar que o vírus ainda vive connosco”, afirmou o ministro de Assuntos Regionais, Francesco Boccia, defendendo que não se pode esquecer “as 33 mil pessoas que morreram e os trabalhadores de saúde que fizeram um esforço incrível”.
Depois de algumas divisões entre os presidentes das regiões, especialmente os do sul e das ilhas, que temiam a chegada de cidadãos do norte, onde ainda ocorre o maior número de infeções, a “circulação incondicional” foi finalmente imposta, embora cada região possa escolher as medidas a usar para detetar potenciais infetados com o coronavírus.
Por exemplo, o presidente da região de Lazio, cuja capital é Roma, Nicola Zingaretti, assinou uma portaria que impõe controlo e medição da temperatura de todos os passageiros que chegam à região de comboio, avião ou barco.
Quem exceder a temperatura de 37,5 graus será isolado e submetido a um teste rápido para o coronavírus.
Na Sardenha, onde o presidente, Christian Solinas, queria impor a utilização de um passaporte de saúde, será necessário ter um registo para entrar na ilha e preencher um questionário sobre a previsão de movimentação interna.
O questionário deve ser preenchido no site da região antes da partida ou através da aplicação de telemóvel “Safe Sardinia”, que faz um acompanhamento dos contactos de cada pessoa.
Também na Campânia, cuja capital é Nápoles, todos os viajantes que chegam a estações de comboio a partir de outras regiões ou ao aeroporto devem passar por uma medição da temperatura corporal e, no caso de apresentarem um valor igual ou superior a 37,5 graus, permitir que lhes seja feito um teste rápido à covid-19.
Na Apúlia, todas as pessoas que cheguem de outras regiões ou do estrangeiro, em meios de transporte públicos ou privados, devem preencher um formulário no site institucional da região.
Os viajantes devem declarar o local de origem e o município em que se irão hospedar e registar a lista dos locais visitados e das pessoas que conheceram durante a estadia.
A abertura das regiões e fronteiras levou a que, hoje de manhã, se formassem longas filas de carros em Messina, na Sicília, para poder chegar ao continente e registou-se um aumento significativo do número de passageiros que se dirigiram para as principais estações de comboio de Milão.
A ministra dos Transportes, Paola De Micheli, foi hoje à estação de Termini, em Roma, para verificar como está a decorrer a chegada dos comboios e a medição da temperatura aos passageiros.
O primeiro dia de reabertura das fronteiras sem necessidade de quarentena para os cidadãos dos países do espaço Schengen também significou um reforço da vigilância nos aeroportos do país, como em Fiumicino, Roma.
No aeroporto da capital estão agendados para hoje 100 voos, dos quais cerca de 60 são rotas nacionais e, destas, 20 dirigem-se para o norte da Itália.
Na sexta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Luigi Di Maio, afirmou que Itália vai manter as fronteiras fechadas aos países que impõem restrições de entrada a cidadãos italianos, devido ao princípio da reciprocidade.
Esta afirmação aconteceu depois de a Grécia ter anunciado a reabertura dos aeroportos de Atenas e de Tessalónica aos turistas de 29 países, 15 deles a partir de Estados da União Europeia (UE). Itália ficou de fora desta lista, assim como Portugal.
No total, e desde o início da crise da covid-19 no país em 21 de fevereiro, Itália contabiliza 33.530 vítimas mortais e 233.515 pessoas que estão ou estiveram infetadas com o novo coronavírus.
ZAP // Lusa
Coronavírus / Covid-19
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