Os funcionários do Facebook estão insatisfeitos com a decisão do fundador da rede social de manter uma postura neutra perante as recentes publicações do Presidente dos Estados Unidos.
De acordo com o jornal The Guardian, os funcionários do Facebook estão a revoltar-se com a recusa de Mark Zuckerberg em agir contra Donald Trump, expressando a sua insatisfação publicamente nas redes sociais.
Mais de uma dúzia de trabalhadores publicaram mensagens no Twitter a mostrar a sua divergência de opiniões, esta segunda-feira, e alguns disseram mesmo que iam fazer uma “greve virtual”.
Segundo o jornal New York Times, a grande maioria destes colaboradores encontra-se a trabalhar em casa por causa da pandemia de covid-19. Dezenas pediram o dia de folga para apoiar os protestos que acontecem em todo o país contra a violência policial.
Perante esta situação, um porta-voz do Facebook afirmou que a empresa não vai exigir aos trabalhadores que queiram participar nesta paralisação que o façam através das suas folgas remuneradas.
“Reconhecemos a dor que muitos dos nossos estão a sentir neste momento, especialmente entre a nossa comunidade negra. Encorajamos os colaboradores a falarem abertamente quando discordam da liderança”, declarou.
Na semana passada, o Twitter assinalou como apologia da violência um tweet difundido pelo Presidente norte-americano sobre os protestos contra a morte de George Floyd. Trump chamou “bandidos” aos manifestantes, ameaçando que “quando as pilhagens começarem, os tiros vão começar”.
No mesmo dia, escreve o jornal britânico, Zuckerberg disse discordar da interpretação do Twitter e afirmou que o post do chefe de Estado não seria removido do Facebook.
“Pessoalmente, tenho uma reação visceral negativa a este tipo de retórica divisória e inflamatória. Discordo totalmente da forma como o Presidente disse as coisas, mas acredito que as pessoas devem ser capazes de ver isso por si mesmas porque, em última análise, prestar contas aos que estão em posições de poder só pode acontecer quando o seu discurso é examinado abertamente”, explicou.
Entretanto, no domingo, o CEO da rede social anunciou que iria doar dez milhões de dólares, cerca de nove milhões de euros, a grupos que lutam pela justiça racial nos Estados Unidos.
Antes deste episódio, o Twitter já tinha entrado em ‘guerra’ com Trump, depois de, pela primeira vez na sua história, ter assinalado dois tweets do Presidente republicano com um link de “verificação de factos”.
Já nesta altura, Zuckerberg criticou a decisão do Twitter, tendo considerado que “as empresas privadas não se deviam colocar nessa posição”. “Acredito firmemente que o Facebook não deve ser o árbitro da verdade de tudo o que as pessoas dizem online”, declarou numa entrevista à Fox News.