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Acidentes com lixívia mais do que duplicaram durante a pandemia

Dados do Centro de Informação Antivenenos (CIAV), do INEM, revelaram que em março e abril deste ano o número de casos de exposição indevida a lixívia e outros detergentes de limpeza mais do que duplicou em relação ao mesmo período de 2019.

Segundo esses dados, disponibilizados ao Expresso e divulgados esta quarta-feira, o número de desinfetantes da pele sob a forma de álcool, álcool em gel e água oxigenada, é cerca de oito vezes superior ao de 2019.

Fátima Rato, médica responsável pelo CIAV, explicou que esse número deve-se, desde logo, às recomendações da Direção-Geral da Saúde (DGS) no contexto da pandemia, apontando para uma “utilização intensiva” de lixívia, detergentes de limpeza e desinfetantes das mãos.

“As pessoas seguiram à risca as orientações das autoridades e começaram a utilizar muitos mais estes produtos, tanto na desinfeção das mãos e alimentos, como na limpeza das suas casas, nomeadamente na entrada da habitação, casas-de-banho, e na desinfeção de alimentos”, referiu.

No caso da lixívia e detergentes, o número de casos passou de 172 para 374 este ano. “Atendi algumas chamadas de pessoas que tinham estado durante várias horas a lavar as suas cozinhas ou casas-de-banho com lixívia e ficaram com alterações na pele”, disse Fátima Rato, que também trabalha no serviço de atendimento telefónico do CIAV.

Outra situação recorrente relaciona-se com a diluição de “em garrafas de água, para não ter um produto tão concentrado”, e de isso muitas vezes levar a que “outra pessoa que vive na casa, inadvertidamente, beba dessa garrafa”.

Relativamente às chamadas, 85,3% foram de adultos, mas “muitas das situações envolveram crianças, porque estavam em casa devido ao confinamento, com fácil acesso aos produtos”. Os casos deram-se por ingestão (47%), inalação (37%), contacto ocular (10,2%) e reação cutânea (5,6%). Os acidentes com desinfetantes das mãos passaram de oito para 69.

Os casos graves, contudo, “foram uma minoria”, sublinhou Fátima Rato, que aconselha “manter os produtos nas suas embalagens originais”, no caso da lixívia. Em caso de diluição do produto, deve ser “colocado um rótulo bem visível para não confundir com o conteúdo que estava lá originalmente”. Estes produtos devem estar longe do seu alcance das crianças “e em locais a que não consigam aceder com facilidade”.

O número de chamadas para o CIAV em março e abril deste ano diminuiu, passando de 5.100 (média diária de 83,6) para 4.489 (média de 73,6), o que, segundo a responsável, acompanha a tendência de outros serviços de urgência, como o 112 e o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU), também do INEM.

ZAP //

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