No Ruanda, foi encontrada uma sepultura que pode conter 30 mil vítimas do genocídio no país em 1994. Cerca de 800 mil tutsis e hutus moderados foram assassinados.
Mais de 25 anos depois de um genocídio no país que matou 800 mil tutsis e hutus moderados, as autoridades do Ruanda encontraram uma sepultura que dizem poder conter cerca de 30 mil corpos. A exumação dos cadáveres das vítimas, começou na semana passada, no distrito de Kayonza, no leste do país africano.
O Ruanda continua empenhado em garantir um enterro digno aos tutsis e hutus moderados que foram massacrados às mãos de hutus radicais, durante uma centena de dias, em 1994.
A recusa dos autores do genocídio em fornecer dados sobre a localização das vítimas tem adiado os trabalhos de exumação, segundo o Governo.
“Recebemos informação em setembro de que cerca de 30 mil corpos foram atirados para esta área, mas, devido às características do terreno, não pudemos exumá-los até conseguimos secar o pântano”, justificou, em declarações à agência espanhola Efe.
O processo de exumação levará vários meses a estar concluído e a entrega dos restos mortais aos familiares das vítimas vai acontecer em diferentes momentos. Esta é a descoberta de vítimas do genocídio no Ruanda mais significativa dos últimos anos.
Em janeiro, as autoridades exumaram, perto da fronteira com a República Democrática do Congo, 141 restos mortais de vítimas de uma campanha anti-tutsis anterior ao genocídio, prenunciadora do que viria a acontecer em 1994 e que o país assinala a cada dia 7 de abril.
Dadas as medidas em vigor para conter a pandemia de covid-19, as cerimónias que anualmente recordam um dos períodos mais negros da História da Humanidade terá uma assistência muito limitada e obedecerá a diretrizes específicas.
Os testemunhos das vítimas e o discurso do Presidente ruandês, Paul Kagame, serão divulgados por meios virtuais.
Pela primeira vez em 25 anos, os tradicionais desfile e vigília noturna não se realizarão, anunciou o secretário executivo da Comissão Nacional para a Luta contra o Genocídio, Jean Damascene Bizimana, em entrevista à radiotelevisão estatal.
ZAP // Lusa