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“Abuso da força é recorrente”. Imprensa ucraniana levanta suspeitas sobre o SEF no aeroporto de Lisboa

Mário Cruz / Lusa

A imprensa ucraniana tem estado a dar grande destaque à morte de Igor Homenyuk nas instalações do aeroporto de Lisboa.

Em causa está a morte de um cidadão ucraniano que desembarcou no aeroporto de Lisboa, com um visto de turista, no dia 11, vindo da Turquia.

De acordo com o semanário Expresso, que cita a imprensa da Ucrânia, os meios de comunicação daquele país têm dado destaque às suspeitas recaem sobre três inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), que se encontram detidos em prisão domiciliária.

O jornal Obozrevatel, um dos mais importantes da Ucrânia, sublinha a possibilidade deste caso poder levar a um escândalo maior, já que, segundo ele, “o abuso da força dos serviços de migração no aeroporto de Lisboa é recorrente.”

Os jornais referem uma alegada tentativa de encobrimento das causas da morte do homem de 40 anos. A versão proveniente do Aeroporto de Lisboa seria que o imigrante ucraniano teria morrido vítima de um ataque cardíaco. Esta causa de morte foi posteriormente descartada pelo Instituto de Medicina Legal.

A imprensa considera a decisão do médico-legista que realizou a autópsia ao corpo de chamar a Polícia Judiciária “heróica”.

Segundo a imprensa, Igor Homenyuk era um homem calmo e bondoso, desacreditando a versão dos inspetores do SEF de que teria causado distúrbios na altura da detenção, depois de aterrar em Lisboa com um visto de turista proveniente da Turquia.

A notícia do crime foi revelada no domingo pela TVI, que explica que o SEF barrou o cidadão ucraniano quando este tentava passar a alfândega para entrar em território português, decidindo que o homem deveria regressar à Turquia no voo seguinte.

O homem terá reagido mal a este impedimento, tendo tido um ataque epiléptico e sendo levado pelo SEF para uma sala de assistência médica nas instalações do aeroporto, depois de ter passado por um hospital na cidade de Lisboa. Foi aí que os inspetores tê-lo-ão torturado e agredido até à morte.

O corpo do homem foi encontrado na manhã seguinte e, segundo os registos da PJ, foi encontrado deitado no chão, de barriga para baixo, algemado e com sinais de agressões violentas.

A autópsia aponta que agressões na zona da caixa torácica que levaram a asfixia provocaram a morte do imigrante de leste.

Três inspetores do SEF são os principais suspeitos do crime e podem arriscar uma pena de prisão de até 25 anos por homicídio qualificado.

O caso levou à demissão do Diretor, António Sérgio Herniques, e o Subdiretor, Amílcar Vicente, da Direção de Fronteiras de Lisboa do SEF.

ZAP //

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