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Covid-19. Portugal igual a Espanha ou Itália? “Há essa possibilidade, claro”

Maxim Shipenkov / EPA

O diretor do Serviço de Infecciologia do Hospital Curry Cabral não exclui a hipótese de Portugal, à sua escala, vir a atingir números semelhantes aos de Espanha e Itália.

Em entrevista ao Observador, o diretor do Serviço de Infecciologia do Curry Cabral, Fernando Maltez, não deixa de fora a possibilidade de que a situação em Portugal devido ao surto de Covid-19 possa tornar-se semelhante àquela vista em Espanha ou Itália.

O Hospital Curry Cabral é uma das unidades de referência no país para o tratamento do novo coronavírus. Como tal, tem recebido pacientes de todo o país e já tem preparadas mais de 300 camas para o efeito. “Espero bem que não sejam necessárias, mas duvido”, confessa o especialista.

Fernando Maltez apoia que sejam aplicadas medidas de contenção do surto, mas critica a forma como algumas delas foram aplicadas. “As pessoas têm autorização para sair de casa para ir ao supermercado, mas, se em vez de irem uma vez forem três vezes por semana, deixa de fazer sentido“, explica.

Embora o Curry Cabral não tenha falta de material ou de profissionais, o médico prevê que a situação se venha deteriorar. Maltez recorda que não é fácil encontrar infecciologistas disponíveis e que as equipas estão a começar a ficar cansadas. No pior dos casos, pode acabar num estado semelhante a Espanha ou Itália.

Portugal não estará imune a isso. Se se mantiver a taxa de internamentos como aconteceu na Lombardia, em Itália, pelos menos 12 países da União Europeia vão ver colapsar as suas unidades de cuidados intensivos — Portugal incluído”, atirou.

“Tenho esperança de que, com as nossas medidas, esses números não se verifiquem, mas claro que há a possibilidade de Portugal ter, à sua escala, esses números. Isto tudo, claro, se os portugueses não cumprirem as medidas tomadas pelo Governo. Mas há essa possibilidade, claro”, acrescentou.

O Curry Cabral tem 22 pacientes internados com diagnósticos confirmados como positivo. No domicílio estão outros 85 doentes, que são acompanhados através de chamadas telefónicas. “Este número, ao final do dia de hoje [terça-feira], deverá ser diferente e deverá, certamente, ser aumentado”, adiantou.

ZAP //

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