O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, prometeu este domingo que o partido terá “voz na batalha importantíssima” das presidenciais, mas considerou o tema ainda prematuro.
Na conferência de imprensa de apresentação das conclusões da reunião do Comité Central, que se realizou este fim de semana, Jerónimo de Sousa assegurou que essa matéria não foi debatida na reunião, tal como não foi tema a eleição do secretário-geral que será feita no congresso de 27, 28 e 29 de novembro, que se realizará em Loures, Lisboa.
“A questão do secretário geral não foi colocada. Quero acrescentar, para sossego de algumas almas, que o secretário-geral do PCP não será um problema do Congresso”, afirmou, repetindo uma resposta que tem dado quando questionado se voltará ou não a ocupar o cargo.
Questionado sobre presidenciais – um dia depois de o líder do Chega, André Ventura, ter apresentado formalmente a sua candidatura a Belém -, Jerónimo de Sousa escusou-se a fazer comentários e salientou que o PCP “não antecipa” calendários.
“Naturalmente que o PCP terá voz nessa batalha importantíssima das eleições presidenciais para o ano que vem (…) Nunca deixámos de participar nessa batalha de diversas formas e, por isso mesmo, na devia altura apresentaremos a nossa solução”, assegurou, sem querer definir um timing.
O líder comunista disse até já ter visto, com surpresa, o seu nome em sondagens presidenciais: “Descobri que já sou candidato e tudo com percentagens eleitorais, o que eu acho que é profundamente prematuro”.
Questionado se afasta essa hipótese, respondeu: “Eu? Nesta fase a discussão não foi feita, tudo o que pudesse dizer seria em termos de palpite, nessa questão não faço palpites”. Na apresentação das conclusões da reunião do Comité Central, Jerónimo fez um balanço negativos dos primeiros meses da atual, considerando que os problemas do país “continuam sem encontrar resposta nas opções do Governo do PS”.
“A proposta de Orçamento do Estado para 2020 ficou marcada por insuficiências e limitações que resultam das opções do PS e do seu Governo”, lamentou, apesar de salientar que, na fase da especialidade, foi possível fazer aprovar “um conjunto de medidas positivas” da autoria do PCP.
O líder comunista apontou uma série de exemplos que considera mostrarem que o Governo socialista “prossegue a sua ação de favorecimento dos interesses dos grupos monopolistas”, como a renovação de Parcerias Público-Privadas com a empresa de transportes privada Fertagus, o lançamento de um nova PPP para a gestão do Hospital de Cascais, a recusa de nacionalizar os CTT ou a cedência “por inteiro aos interesses da multinacional Vinci”, ao preferir a solução do Montijo a Alcochete para a construção do futuro aeroporto.
A recusa da iniciativa do PCP para avançar com um calendário à regionalização e os “aumentos limitados” no Salário Mínimo Nacional e para a função pública foram também criticados por Jerónimo de Sousa.
O Comité Central aprovou ainda uma resolução sobre o programa de comemorações do centenário do partido, que arrancarão com um comício em Lisboa em 6 de março e prosseguirão até 2022. O órgão dirigente máximo do PCP debateu ainda a preparação do XXI Congresso, que decorrerá sob o lema “Organizar, Lutar, Avançar – Democracia e Socialismo”.
Neste âmbito, o Comité Central aprovou uma resolução – que será publicada no Avante!, o jornal oficial do PCP – onde é definida “a metodologia, faseamento e objetivos” do Congresso e onde se aponta um conjunto de “matérias centrais” para o debate inicial relativo dos elementos a integrar nas Teses, o projeto de resolução política do partido, que passará pelas organizações regionais antes de chegar à reunião magna de novembro.
ZAP // Lusa