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“Década perdida”. Novo Banco com prejuízos de 1.058,8 milhões em 2019

António Cotrim / Lusa

O presidente executivo do Novo Banco disse esta sexta-feira que os últimos dez anos foram uma “década perdida” para a empresa que começou por ser BES e passou em 2014 a Novo Banco, mas mostrou-se confiante no futuro.

“Para esta empresa, que já teve um nome e agora tem o nome Novo Banco, esta foi uma década perdida, sendo que são os últimos três anos que nos permitem estar confiantes de que teremos uma década positiva na próxima década”, afirmou António Ramalho, na conferência de imprensa de apresentação de resultados de 2019, em Lisboa.

Questionado sobre se o Novo Banco pode um dia dar lucro, Ramalho disse que a “prova está no banco recorrente”, que exclui os ativos herdados do BES, e que em 2020 ainda não são previsíveis resultados positivos porque o foco estará ainda na limpeza do balanço do banco dos ativos tóxicos (crédito malparado e imóveis) que penalizam os resultados.

O Novo Banco divulgou esta sexta-feira prejuízos de 1.058,8 milhões de euros em 2019, uma diminuição face aos 1.412,6 milhões de euros verificados em 2018.

Na apresentação de resultados, como habitualmente, a administração separou as contas do banco recorrente do banco legado (os ativos problemáticos herdados do BES), informando que o banco recorrente dá lucro e que é a parte do legado que prejudica os resultados consolidados.

Com as perdas de 2019 conhecidas, desde agosto de 2014, quando foi criado para ficar com parte da atividade bancária do BES, o Novo Banco já acumula prejuízos de 7.036,3 milhões de euros.

O banco confirmou ainda que vai pedir uma injeção de capital ao Fundo de Resolução de 1.037 milhões de euros, informação já dada esta semana no parlamento pelo presidente do fundo.

O Novo Banco foi criado em agosto 2014 para ficar com ativos e passivos do Banco Espírito Santo (BES), alvo de uma medida de resolução, e desde então tem obtido consecutivamente prejuízos.

Em outubro de 2017 foi vendido em 75% ao fundo norte-americano Lone Star, mantendo o Fundo de Resolução (entidade da esfera do Estado, gerido pelo Banco de Portugal) os restantes 25%, e está desde então em processo de reestruturação (redução de ativos ‘tóxicos’, venda de operações, reestruturação do negócio, redução de custos, com a saída de centenas de trabalhadores).

No âmbito da venda, o Estado fez um acordo de capital contingente com a Lone star que prevê a recapitalização do banco pelo Fundo de Resolução para cobrir falhas no capital geradas pelos ativos tóxicos com que o Novo Banco ficou do BES (crédito malparado ou imóveis). No total, segundo esse acordo, o Fundo de Resolução bancário pode injetar 3,89 mil milhões de euros no banco até 2026.

Referentes a 2017 e 2018, o Novo Banco já recebeu 1.941 milhões de euros, pelo que com mais 1.037 milhões de euros o valor total injetado pelo Fundo de Resolução no Novo Banco ascenderá a 2.978 milhões de euros.

Uma vez que o Fundo de Resolução não tem dinheiro para fazer face a estas injeções de capital, todos os anos tem recorrido a empréstimos do Estado, o que se repetirá este ano (cerca de 850 milhões de euros).

// Lusa

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