O arguido Rúben Marques assumiu em tribunal, esta quarta-feira, ter batido com um cinto na cabeça do internacional holandês durante a invasão à academia do Sporting, em Alcochete.
“Vejo toda a gente a entrar em direção ao edifício, com o cinto na mão, entro. Seguimos até ao balneário e foi aí que me deparei com Bas Dost na entrada e dei-lhe uma pancada com o cinto”, explicou o arguido na 32.ª sessão do julgamento da invasão à academia do clube, que decorre no tribunal de Monsanto, em Lisboa.
Rúben Marques disse ter batido “no primeiro que lhe apareceu” e referiu não ter percebido se o jogador holandês “ficou, ou não, caído no chão”, explicando à juíza que a sua ação foi “do tipo toca e foge”.
O arguido negou, no entanto, que tivesse sido ele a agredir Misic com o cinto. “Isso é mentira. Não bati em mais ninguém. Depois saí e fui com o mesmo grupo”, garantiu o adepto, citado pelo Observador.
Estas declarações contrariam as do ex-jogador do Sporting Rafael Leão que, na 26.ª sessão do julgamento, disse ao tribunal que conhecia o arguido que agrediu Misic com um cinto. “Reconheci-o pelos olhos, era o Rúben Marques, andava comigo na escola”.
O arguido confirmou, no entanto, que conhecia o futebolista. “Deparei-me com o Rafael Leão, começou a sorrir. Mesmo de cara tapada, reconheceu-me logo porque foram muitos anos na escola”.
Antes de ter admitido as agressões, o adepto quis “pedir desculpa aos jogadores, às suas famílias e à instituição Sporting”. “Sinto vergonha de tudo o que fizemos ao Sporting e às nossas famílias”, disse ainda.
De acordo com o jornal online, outros arguidos prestaram declarações. A sessão de julgamento retoma na sexta-feira com a audição de mais quatro testemunhas, sendo uma delas o capitão da equipa de voleibol, Miguel Maia.
Ontem, foram ouvidas várias testemunhas arroladas pelo ex-presidente do Sporting, entre as quais o presidente do FC Porto, Pinto da Costa, que disse aos jornalistas não ter percebido muito bem o porquê de ter sido chamado.
“Perguntaram-me se conhecia o presidente do Sporting. Felizmente conheci muitos e sou amigo ainda de alguns, que são vivos. Sinceramente não percebi bem por que vim cá. Aliás, a juíza agradeceu a minha presença e disse que não era da responsabilidade dela eu ter ido. Provavelmente sentiu que não vim adiantar muito. Também não podia adiantar porque, felizmente, desconheço totalmente este processo. O que podiam perguntar? Nem sei onde é Alcochete”, explicou o dirigente dos azuis-e-brancos.
O processo da invasão à Academia tem 44 arguidos, acusados da coautoria de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.
Bruno de Carvalho, Mustafá e Bruno Jacinto, ex-oficial de ligação aos adeptos do Sporting, estão acusados de autoria moral de todos os crimes.
ZAP // Lusa