Os irlandeses vão pela primeira vez num sábado votar numas eleições legislativas que vão decidir a composição do parlamento ‘Dáil’, onde a falta de uma maioria absoluta deverá condicionar a formação do governo.
As mesas de voto, a maioria localizadas em escolas, igrejas e outros espaços públicos, vão estar abertas entre as 07h00 e as 22h00 (mesma hora em Lisboa).
Como não está previsto que nenhum partido ocupe a maioria dos 160 assentos parlamentares, são inevitáveis negociações entre diferentes formações políticas para atingir uma maioria de pelo menos 80 deputados quer permita governar de forma estável.
Em 2016, o Fine Gael foi o partido mais votado, mas sem maioria absoluta, e precisou de um compromisso de apoio do rival Fianna Fáil para formar um governo minoritário, o que só foi alcançado após 70 dias de negociação.
Durante a campanha, o Fianna Fáil mostrou ter vantagem nas sondagens, mas sem grande margem e com a concorrência no topo do Sinn Féin, antigo braço político do grupo paramilitar Exército Republicano Irlandês (IRA), que nunca participou num executivo irlandês.
Uma parte importante do parlamento irlandês é ainda composta por deputados independentes ou de partidos mais pequenos, como o Trabalhista, os Verdes ou o Povo contra o Lucro, que, dependendo do desempenho nestas eleições, também poderão decidir quem chega ao poder.
Apesar da recuperação desde a crise financeira e as boas perspetivas económicas, o próximo governo vai ter como desafios responder ao descontentamento relativo a questões como a saúde e habitação e expectativas sobre a redução de impostos e aumento das pensões de reforma.
Terá também um papel importante nas negociações da União Europeia com o Reino Unido para um novo acordo de comércio tendo em conta que o país vizinho é o principal destino das exportações irlandesas e é o principal parceiro económico.
O aumento da população irlandesa resultou num aumento de dois no número de deputados desde 2016, que passou para 160, os quais são eleitos de acordo com um sistema de representação proporcional de 39 círculos eleitorais. Ao todo, concorrem 516 candidatos, os quais vão ser eleitos através de um sistema de voto único transferível, ou seja, os eleitores numeram os candidatos presentes no boletim por ordem de preferência.
Os votos de segunda preferência e conseguintes são distribuídos à medida que os candidatos são eleitos, porque atingiram o patamar necessário, ou eliminados, o que prolonga o processo de contagem durante vários dias até ao anúncio dos resultados.
// Lusa