Pegadas de saurópodes descobertas na Formação Glen Rose, nos Estados Unidos, dão mais força à teoria que defende que estes gigantes por vezes só andavam com as duas patas da frente.
Por mais estranho que possa parecer, esta teoria remonta há várias décadas, quando o paleontólogo Roland T. Bird identificou algumas trilhas incomuns de dinossauros no condado de Bandera, no Texas. Na altura, o que chamou a atenção do investigador foi o facto de as pegadas terem sido feitas com os membros da frente, escreve o Science Alert.
“Sem dúvida que foram feitas por um saurópode, mas, como eu os interpreto, feito por um dinossauro enquanto nadava. Eram impressões típicas das patas da frente, como se o animal tivesse acabado de chutar o fundo”, escreveu Bird numa carta em 1940.
Com o passar do tempo, a interpretação deste cientista caiu em desuso, até porque a paleontologia moderna se apercebeu que os saurópodes eram, principalmente, animais terrestres, e não aquáticos como se pensava.
A teoria alternativa para explicar estas pegadas foi que estas patas (que suportam mais o peso corporal dos animais) deixavam mais facilmente marcas em certos tipos de superfície, ao contrário dos membros traseiros, que suportavam menos peso.
Mas a outra teoria nunca foi totalmente descartada. E, agora, as pegadas descobertas, em 2007, numa pedreira de calcário chamada Coffee Hollow, que se situa na Formação Glen Rose, que concentra diversos fósseis do período Cretáceo, dão-lhe ainda mais força.
Dado o tamanho das pegadas — até cerca de 70 centímetros de comprimento e largura —, a equipa de cientistas acredita que se tratavam de saurópodes de grande dimensão.
“A maior pressão diferencial exercida sobre o substrato pelas patas dianteiras do que pelas traseiras provavelmente explica estas trilhas de Coffee Hollow, mas a possibilidade de indicarem uma locomoção incomum não pode ser para já descartada”, escrevem os autores do estudo publicado na revista científica Ichnos.
“Embora a hipótese de um comportamento incomum não envolva necessariamente ‘nadar’, vale a pena ter em conta a possibilidade de o R.T. Bird estar correto ao pensar que (pelo menos algumas?) trilhas de saurópodes da Formação Glen Rose foram feitas por dinossauros que estavam a caminhar em águas profundas o suficiente, puxando-se pelas patas dianteiras, enquanto as traseiras flutuavam acima do fundo”.
No entanto, os investigadores ressalvam que serão necessárias futuras descobertas para resolver finalmente esta questão.