Por um voto se ganhar, por um voto se perde. Rui Rio sentiu a velha máxima na pele, ao não vencer as diretas do partido à primeira volta por uma unha negra.
Rui Rio ficou a 0,56% da maioria absoluta nas eleições diretas do PSD deste sábado. Ainda assim, está confiante de que o destino lhe reserva um resultado mais feliz no dia 18.
Para o líder social-democrata, “basta bater a meia-dúzia de portas” para conquistar o voto dos militantes, e basta também “que alguns dos militantes de Miguel Pinto Luz [que teve 9,3% dos votos] não votem no próximo sábado”. Aliás, foi em tom de graça que, no discurso de sábado à noite, Rio disse perdoar Pinto Luz por o obrigar a ir à segunda volta.
Na mesma declaração, elencou três prioridades para o próximo mandato. Segundo o Público, estas passam por ganhar mais câmaras em 2021, abrir o PSD à sociedade civil e fazer uma oposição construtiva.
Rio defendeu ainda “que os partidos políticos têm que oferecer mais do que oferecem“, advertindo que o “PSD não é uma agência de distribuição de lugares”. “Nos partidos as pessoas devem zangar-se por ideias, e não por lugares”, acrescentou, avisando que os militantes que o apoiaram há dois anos e que agora não estiveram do seu lado foi “por causa do seu lugar ou do lugar do seu amigo”.
O líder do PSD não considera que esta vitória teve um sabor a derrota. Em vez disso, diz estar confiante na sua reeleição, declarando que a “união faz-se mais rapidamente em torno do mais forte do que mais fraco”.
Em relação ao desafio lançado por Luís Montenegro para um frente-a-frente televisivo durante a semana que agora se inicia, Rio recusou, sublinhando que o debate entre os três candidatos no âmbito destas diretas “não foi prestigiante para o PSD”.
Votos da Madeira não mudariam nada
O Conselho de Jurisdição Nacional do PSD não contabilizou os votos da Madeira, por estarem em desconformidade com o caderno eleitoral, mas realçou que os dados divulgados não alterariam o desfecho das eleições.
Esta posição foi transmitida aos jornalistas pelo presidente do Conselho de Jurisdição Nacional do PSD, Nunes Liberato, depois de anunciar que Rui Rio foi o mais votado.
Questionado sobre os votos da Madeira, o presidente do Conselho de Jurisdição Nacional do PSD respondeu que “não foram contabilizados”, porque “existe uma desconformidade entre os votos apurados na Madeira e o caderno eleitoral preparado nos termos do regulamento”.
No entanto, realçou que os resultados divulgados pelo PSD regional não alterariam o desfecho destas eleições: “Com os dados que foram apurados na Madeira não seria possível ao candidato Rui Rio atingir os 50%, nem seria possível que a ordem dos dois candidatos que vão à segunda volta fosse outra”.
Nunes Liberato remeteu uma decisão sobre o ato eleitoral na Madeira para o “momento próprio”, salientando que “o Conselho de Jurisdição é um órgão colegial”.
Interrogado se os militantes da Madeira poderão na segunda volta, marcada para o próximo sábado, o presidente do Conselho de Jurisdição Nacional do PSD disse que “os que estão previstos no caderno eleitoral, com certeza“.
“Existe um caderno eleitoral preparado nos termos do regulamento da eleição para presidente da Comissão Política Nacional do PSD e os dados hoje apurados não correspondem aos dados que derivam do caderno eleitoral preparados nos termos do regulamento, ponto final”, reiterou.
Estavam em condições de votar nas diretas de sábado para eleger o presidente do PSD e os delegados ao 38.º Congresso do partido, no conjunto do território nacional, cerca de 40 mil militantes com quotas em dia nos termos de um novo regulamento em que os pagamentos por multibanco são feitos segundo uma referência individual.
Anteriormente, a referência era o número de filiado antecedido de zeros, e nas eleições diretas de há dois anos o universo de inscritos foi de 70.692, mas acabaram por votar apenas 42.655, cerca de 60% do total.
ZAP // Lusa