Alexei Navalny, o líder da oposição a Vladimir Putin, denunciou aquilo que diz ser o recrutamento forçado de um dos seus aliados que foi destacado para uma base militar no Ártico.
De acordo com a BBC, Ruslan Shaveddinov foi retirado da sua casa em Moscovo. Cortaram-lhe a eletricidade, derrubaram a porta do apartamento e depois levaram-no de avião para o remoto arquipélago de Novaya Zemlya, que fica a mais de dois mil quilómetros da capital da Federação Russa. O cartão SIM do seu telemóvel foi desativado remotamente, impedindo a sua localização.
Navalny acusa as autoridades russas de terem raptado o ativista que, alegadamente, estava isento de fazer o serviço militar. Um oficial do exército russo explicou que Shaveddinov estava a tentar escapar-se do serviço militar, que na Rússia é obrigatório para todos os homens com idades entre os 18 e os 27 anos e tem sempre a duração de 12 meses.
Na passada segunda-feira, um tribunal em Moscovo rejeitou um recurso apresentado por Shaveddinov que alegava motivos médicos para não ter de cumprir o serviço militar obrigatório. Nessa mesma noite, foi retirado do seu apartamento e deixou de responder a contactos via telefone, de acordo com alguns meios de comunicação russos. O seu desaparecimento foi reportado pelo mesmo FBK onde Shaveddinov trabalhava.
De acordo com Navalny, o homem desaparecido conseguiu ter acesso a um telefone esta quarta-feira e ligou-lhe a dizer que tinha sido levado para a 33º regimento de artilharia anti-aérea cuja sede se encontra em Rogachovo, no arquipélago de Novaya Zemlya. Contou-lhe ainda que estava a ser vigiado, tendo um soldado a segui-lo para todo o lado.
O seu telefone foi confiscado, apesar de estar estabelecido que os recrutas podem ter acesso aos seus telefones, desde que os mesmos não tenham acesso à Internet. Shaveddinov está autorizado a andar livremente pelo acampamento militar, mas as temperaturas rondavam sempre os 27 graus negativos.
Navalny disse ainda que os advogados do ativista estão a tentar revogar a decisão, alegando que o sujeito foi raptado da sua casa e está a ser detido ilegalmente. Condenando veementemente o tratamento dado ao seu aliado, Navalny insiste que Shaveddinov tem um problema de saúde medicamente comprovado – que não revela – e isso tem de ser motivo para o dispensar deste serviço militar.
O Coronel Maxim Loktev, comissário militar adjunto em Moscovo, contou à agência noticiosa Itar-Tass que o ativista andava há muito tempo a fugir do dever militar e foi recrutado de forma legal. A sua colocação foi escolhida de forma a não chocar com os resultados da sua avaliação médica.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que o tratamento de Shaveddinov parecia legal se ele tiver tentado fugir ao recrutamento. “Se tentou fugir, quebrou uma lei relevante da Federação Russa”, disse Peskov. “Se se esquivou ao recrutamento e foi recrutado dessa maneira, tudo foi feito estritamente de acordo com a lei”, acrescentou.
Ruslan Shaveddinov é apresentador do programa de YouTube de Navalny. Já trabalhou como assessor de imprensa durante as eleições presidenciais do ano passado. Navalny, uma das vozes mais audíveis da oposição a Vladimir Putin, luta contra o presidente russo há mais de uma década, associando-o sempre a vários casos de corrupção.
Novaya Zemlya – “Terra Nova” em russo – é um arquipélago com duas grandes ilhas e pouco mais de dois mil habitantes que durante a Guerra Fria era considerada uma zona militar sensível para a União Soviética. A maior explosão nuclear alguma vez registada aconteceu aí a 30 de Outubro de 1961.
Navalny detido outra vez em Moscovo
O dirigente da oposição russo Alexei Navalny foi detido na sequência de investigações que decorreram nos locais onde mantém os centros de denúncia anticorrupção.
“Alexei foi interpelado à força e levado. Não ofereceu resistência”, disse a sua porta-voz Kira Iarych, através da rede social Twitter.
Pouco depois foi difundido um registo captado em vídeo que mostrava a porta da sede da organização de Navalny (Fundo de Luta Contra a Corrupção), em Moscovo, a ser serrada pelas autoridades que pretendiam aceder ao interior.
“Eles escolheram a quinta-feira porque Alexei tinha previsto transmitir hoje uma mensagem através de canais online”, acrescenta a porta-voz. A polícia ainda não comentou a detenção.
Navalny, detido várias vezes ao longo dos últimos anos, tem denunciado atos de corrupção que envolve a elite da Rússia. O líder do Fundo de Luta Contra a Corrupção foi considerado “agente estrangeiro” e várias delegações da organização foram alvo de buscas em vários pontos da Rússia no quadro de investigações sobre “branqueamento de capitais”, em setembro e outubro.
Em agosto, Navalny foi libertado depois de cumprir uma pena de 30 dias por apelos à participação num grande movimento de protestos que tem agitado Moscovo.
Navalny foi preso a 24 de julho na capital russa, em plena escalada do protesto devido à rejeição de candidatos da oposição às eleições locais agendadas para 8 de setembro. Mais tarde, foi condenado a 30 dias de prisão por “repetidas violações das regras de organização das manifestações”.
Durante a detenção, Navalny foi brevemente tratado no hospital ao que os médicos descreveram como uma “reação alérgica grave”, que o seu advogado chegou a classificar de “envenenamento”.
Várias manifestações não autorizadas para exigir eleições livres em Moscovo resultaram em milhares de detenções nas últimas semanas. Este é o maior movimento de protesto desde o regresso de Vladimir Putin ao Kremlin em 2012. Duas manifestações não autorizadas levaram a 1.400 detenções num caso e a mil noutro.
ZAP // Lusa
Putin, no seu melhor. Infelizmente ainda há outros “Putins”, nomeadamente da China, Paquistão, Síria, Irão, Afeganistão, etc., etc., etc.
Quando incomoda há que eliminar de qualquer forma, é assim o regime russo ainda não desmamado por completo do comunismo.