Regularização do caudal que chega a Portugal, o principal problema apontado pelo Governo de Lisboa, “depende da água que vem de mais acima”.
A ministra da Transição Ecológica de Espanha, Teresa Ribera, reconheceu esta terça-feira haver “um problema de represas em cadeia” que afetam o caudal do rio Tejo, mas assegurou que Madrid “nunca falhou” os acordos com Portugal.
“O nosso problema é que temos de assegurar uma quota mínima [na albufeira de Cedillo], porque abaixo dessa quota não está assegurado o abastecimento [de água] a Cáceres [cidade espanhola a cerca de 90 quilómetros da fronteira portuguesa], disse Teresa Ribera à agência Lusa em Madrid.
A ministra em exercício acrescentou que Espanha está a “enviar e a soltar água” de Cedillo de acordo com “picos” que vai recebendo a montante, mas assegurou estar “confiante” que “isso se vai estabilizar no curto prazo”.
A regularização do caudal que chega a Portugal, o principal problema apontado pelo Governo de Lisboa, “depende da água que vem de mais acima”, disse Teresa Ribera.
“O principal problema de Cedillo é que está associado ao abastecimento de Cáceres. Esse é um ponto crítico que temos de ver como se resolve“, concluiu a ministra da Transição Ecológica espanhola, que afirmou manter “uma relação e conversação, não só cordiais como também frequentes, com o ministro português” da mesma pasta.
O ministro português do Ambiente e Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, reafirmou há uma semana em Ílhavo (Aveiro) a necessidade de “aprofundar a Convenção de Albufeira”, que regula as transferências de água de Espanha para Portugal, para haver uma maior regularidade nos caudais do Tejo, afastando, no entanto, a possibilidade de o país obter um maior caudal vindo de Espanha.
“Temos de aprofundar a Convenção de Albufeira, sem qualquer objetivo de obter maior caudal vindo de Espanha. Não podemos ter o que não há e o caudal do Tejo está muito diminuído em relação ao que era ao tempo em que Convenção foi negociada e muito bem negociada”, disse o ministro.
Matos Fernandes avisou que a negociação dos caudais do Tejo é uma tarefa “extraordinariamente difícil”, adiantando que “Espanha defende que se há maior irregularidade na chuva também se deveria tornar ainda mais irregular o cumprimento dos caudais previstos na Convenção” de Albufeira.
Matos Fernandes criticou na altura a forma como Espanha cumpriu esse acordo no último ano hidrológico, com “o esvaziamento da albufeira de Cedillo sem compensação a partir das albufeiras a montante, nomeadamente Alcántara e Valdecañas”, esperando que esta atitude não se repita.
// Lusa