Criador das passwords considera-as um pesadelo

Steve Corbato / Flickr

Fernando Corbató, criador das passwords de computador

Fernando Corbató, criador das senhas de computador

Há meio século atrás, Fernando Corbató mudou o mundo, ajudando a implementar a primeria senha de computador. Corbató transformou não só a forma como usamos a tecnologia, mas principalmente a importância da privacidade. Agora, na era da Internet, o antigo professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT) considera as passwords um pesadelo.

Numa entrevista ao The Wall Street Journal, Corbató, agora com 73 anos de idade, considerou que a segurança cibernética pouco tem evoluído ao longo dos anos.

Há cerca de 50 anos atrás, quando dava aulas de Ciência de Computadores, todos no MIT partilhavam o mesmo computador e tinham um disco comum, o que criou a necessidade de arranjar uma solução «para evitar que as pessoas bisbilhotassem, desnecessariamente, em arquivos de todo mundo», explicou.

Contas protegidas por senhas resolveu este problema, para além de ter sido uma forma de se usar menos o computador – na altura, havia um limite de quatro horas por dia.

Estamos a falar de uma solução para um problema, sem dúvida complexo, que perdurou todas estas décadas.

No entanto, até Corbató reconhece tratar-se de uma solução imperfeita. «Infelizmente, acabou por se tornar uma espécie de pesadelo com a World Wide Web», disse ao WSJ. «Tenho de confessar, eu costumava usar um bloco de notas… três páginas digitadas. Provavelmente, tive umas 150 senhas ao longo dos anos».

Sobre o presente, o professor reformado esclarece: «Nós não adivinhámos a Internet dos dias de hoje. As senhas não dão um alto nível de segurança, mas são suficientes para proteger contra uma intromissão casual».

A verdade é que, tendo em conta a quantidade de notícias sobre ataques informáticos que comprometem bases de dados que contêm passwords de milhões de pessoas e outras informações, apenas por “adivinharem” uma password, torna-se óbvio que esta solução de há 50 anos atrás não está a funcionar.

Serão os sensores biométricos a substituir as passwords?

Talvez, mas esta abordagem tem uma desvantagem em relação às passwords, naquele tipo de situação que pelo menos uma vez na vida inevitavelmente nos vai apanhar.

É que não se pode telefonar ao amigo e dizer “olha, preciso de um favor, vai ao meu computador e mete lá o meu dedo no sensor para entrares…”

CG, ZAP

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