A Infraestruturas de Portugal (IP) adiou e/ou atrasou ou 18 obras do setor ferroviário que estavam contemplados no programa Ferrovia 2020 e eram consideradas prioritárias.
De acordo com o Jornal de Notícias, que avança a notícia esta terça-feira na sua edição impressa, há ainda uma obra que foi cancelada. Todas as obras foram apresentadas em 2016 e tinham um custo de dois mil milhões de euros.
Na Linha do Douro, foi cancelada a eletrificação entre Marco de Canaveses e Régua. Em meados de setembro, ainda em campanha eleitoral, o primeiro-ministro anunciava que “no final vai arrancar a obra de eletrificação do Marco [de Canaveses] até à Régua”.
Em declarações ao matutino, a Infraestruturas de Portugal disse que o cancelamento da eletrificação se deveu a “dificuldades técnicas evidenciadas pelo consórcio projetista”, que “obrigaram à revogação do contrato”.
Também as obras na Linha do Norte, que deviam ter sido concluídas em setembro passado, estão também em suspenso. A IP admite que o concurso vai ser lançado em 2020 e que a obra deverá estar concluída entre 2022 e 2023.
Também a eletrificação da Linha do Minho se encontra atrasada, sendo que apenas a sinalização está concluída. De acordo com o JN, há ainda atraso na ligação entre Espinho e Gaia, que só deverá estar concluída em 2022.
Há ainda planos para a renovação da linha entre a Covilhã e a Guarda, que deverá ficar pronta no terceiro trimestre de 2020. Pampilhosa da Serra e Mangualde só deverão ficar ligados em 2023, de acordo com o mesmo jornal.
Já a modernização da Linha do Oeste, entre Mira Sintra-Meleças e Caldas da Rainha, só deve arrancar no fim de 2020. A eletrificação entre Lagos e Tunes e entre Faro e Vila Real de Santo António só deve estar concluída e a funcionar em 2023.
Governo admite atrasos, mas afasta cancelamento
O ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, admitiu atrasos e constrangimentos em projetos de modernização dos caminhos-de-ferro, mas afastou a hipótese de qualquer cancelamento na execução do plano ferroviário 2020.
“Não há nenhuma obra cancelada, nenhuma obra suspensa, o que temos […] são atrasos nas obras, isso é verdade, mas cancelamento e suspensão não existe um único“, afirmou o governante, à margem da assinatura do Acordo de Empresa da Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário (EMEF).
“O que houve foi um projeto [de eletrificação] com pouca qualidade e foi necessário relançar o projeto de contratação do projetista”, explicou o governante, reafirmando que não há cancelamento ou desistência da obra.
Pedro Nuno Santos explicou que as obras do investimento público não preveem muitas vezes constrangimentos, como candidatos que impugnam concursos, atrasos no Tribunal de Contas ou avaliações de impacto ambiental que exigem alterações.
“Os constrangimentos que o investimento público enfrenta levam a que, infelizmente, tenhamos que regularmente assistir a atrasos em algumas das obras“, defendeu.
ZAP // Lusa
O futuro do país depende de uma bem estruturada rede ferroviária e o que se fez no passado que foi desinvestir foi um péssimo negócio para o país e os portugueses.
Não estou assim tão certo disso. O mundo automóvel está em acelerada mudança de paradigma. Penso que o automóvel elétrico, seja este apenas movido a bateria ou hidrogénio e embora com diferentes formas de utilização que até podem passar pela partilha, continuará a reinar num horizonte de 30 a 40 anos.
O Sr. Ministro escusa-se de qualquer responsabilidade dos grandes atrasos no investimento na ferrovia. Eu pergunto, mas a empresa infraestruturas de Portugal (IP) não tem arquitetos de qualidade? Outro aspeto é que as instituições em que o Sr. Ministro se escusa (tribunal de contas, IP, etc.) são estatais e, por isso pagas por cada um dos portugueses. Em setembro, período de pré-campanha eleitoral prometeram muita “coisa” e, agora, passado umas semanas após a investidura do governo, há que desacelerar o investimento. Não só por respeito às pessoas que a CP transporta, mas também para incentivar o desenvolvimento de Portugal, há muita necessidade de arranjar a linha do Douro, mesmo após a Régua e até à fronteira de Barca D’Alva (mais fácil se torna exportar produtos para a Europa); o mesmo se passa com a linha do Minho, ie, para ligar os nossos comboios à linha espanhola. Cadê a mitigação dos efeitos climáticos? É fácil falar mas, meter as mãos na “massa” (trabalhar), isso é para os outros. Não se entende porque a medida da implementação do “passe único”, que é relativamente barato, não tenha sido implementada só quando se tivesse efetivamente melhorados o transporte ferroviário. Eu não sou “mago”, mas aquando da divulgação dessa implementação, já dizia aos outros: “isto vai dar “barraca”, pois vai atrair muitas pessoas para o transporte ferroviário (e já agora para os autocarros que transportam pessoas nas grandes cidades). No governo não há massa cinzenta para pensar nestas pequenas/grandes coisas??!!!!