Dirigente da Anafre pago para fazer lobbying junto das freguesias

Um membro da direção da Anafre e presidente da Assembleia de Freguesia de Castelo Branco. Jorge Neves, passou a ser pago pela empresa de informática ANO depois de a Anafre ter adjudicado contratos no total de 366.949 euros àquela empresa.

O valor faturado à ANO, de acordo com o jornal Público, pela empresa unipessoal de Jorge Neves terá chegado a 36 mil euros, entre 1 de janeiro de 2018 e 31 de março de 2019. Esta quantia, equivalente a 2400 mensais, corresponde a cerca de 10% do valor pago pela Anafre à ANO.

Ao Público, o autarca socialista confirma que recebeu uma avença da empresa informática, durante aquele período, argumentando que esse valor seria para apresentar os produtos da ANO às câmaras do distrito de Castelo Branco. No entanto, nega ter recebido os valores descritos pelo jornal, recusando precisar quanto recebeu. Os seus adversários garantiram ao matutino que foram mesmo 36 mil euros e que se tratou de uma contrapartida pela adjudicação dos contratos da Anafre.

Depois de terminar o seu terceiro mandato como presidente de uma junta local, Jorge Neves dedicou-se à atividade de consultoria. Para além dos valores recebidos pela ANO, terá também durante o ano de 2018 recebido 24 mil euros da Adraces — associação criada pelas câmaras de Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Penamacor e Vila Velha de Ródão e presidida pelo ex-autarca e dirigente socialista Joaquim Morão — sem com ela ter celebrado qualquer contrato.

Além da ANO e da Adraces, entidade financiada por dinheiros públicos e por isso sujeita ao Código dos Contratos Públicos, a empresa de Jorge Neves não teve até agora quaisquer outros clientes.

Questionado sobre as atividades de José Neves, o presidente da Anafre, Pedro Cegonho, disse ao Público que não sabia que o colega de direção tinha tido uma relação profissional com a ANO. “Reiteramos o nosso total desconhecimento e perplexidade sobre a possibilidade de a mesma existir”, escreveu, em nome da associação, nas respostas enviadas ao jornal.

A direção decidiu também “avocar a coordenação dos pelouros” que estavam atribuídos a Jorge Neves.

ZAP //

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