O Vox vai impedir o acesso dos jornalistas do grupo PRISA, nomeadamente os jornal “El País” e da rádio SER, a todos os seus eventos.
O partido espanhol Vox, de Santiago Abascal, informou o Grupo PRISA que, “a partir de agora, não concederá credenciais a nenhum jornalista vinculado à PRISA, nem acesso à sua sede ou a qualquer outro ato que o partido organize em espaços privados”.
Segundo fontes do partido, na base desta decisão estará o editorial publicado na quarta-feira – Dever de Resposta – no qual o “El País” assume que é preciso “ativar todos os alarmes” contra os argumentos “xenófobos e intolerantes” transmitidos por Santiago Abascal.
O texto refere algumas das afirmações proferidas pelo líder do Vox durante o debate de segunda-feira. Os meios de comunicação espanhóis analisaram as certezas expressas por Abascal contra uma série de factos e estudos conhecidos e concluíram, por exemplo, que, ao contrário do que disse, as agressões sexuais são perpetradas na grande maioria por espanhóis e não por cidadãos estrangeiros.
Além disso, Abascal disse também que 70% desses crimes são perpetrados por estrangeiros, mas 70% são cometidos por espanhóis. Ainda assim, o editorial do “El País” ataca não só os argumentos do Vox como a posição dos demais partidos em relação ao Vox.
“Santiago Abascal, na maioria de suas intervenções, escorregou para declarações falsas e falaciosas, revelando sua ideologia incompatível com os valores constitucionais. Surpreendentemente, o cordão sanitário que foi pontualmente estabelecido em torno da extrema-direita pelo Partido Popular e pelo Cidadãos parece que só é válido por uma noite e na presença das câmaras, e não em todas as ocasiões em que os votos do Vox foram necessários para formar maiorias em municípios e regiões”, escreveu o jornal.
Segundo o Expresso, esta não é a primeira vez que o Vox impede, pontualmente, meios de comunicação social de assistirem aos seus eventos, mas é a primeira vez que generaliza assim o veto.
A Associação de Imprensa de Madrid (APM) e a Federação de Associações de Imprensa da Espanha (FAPE) já alertaram para o facto de esta prática violar o direito à liberdade de imprensa, consagrado na Constituição.