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Sánchez choca advogados, procuradores e juízes ao insinuar que o MP age sob instrução do Executivo

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Esta quarta-feira, Pedro Sánchez concordou que o Governo controla o Ministério Público, cometendo um deslize que lhe saiu caro. Na origem da declaração do primeiro-ministro está o delicado caso da Catalunha.

A campanha eleitoral espanhola foi esta quarta-feira marcada por um deslize do primeiro-ministro, Pedro Sánchez, que concordou que o Governo controla o Ministério Público que, por sua vez, pediu a extradição do independentista catalão fugido Carles Puigdemont.

Os separatistas catalães, entre eles o presidente do governo regional, Quim Torra, denunciaram imediatamente a falta de independência dos magistrados e a falta de separação de poderes em Espanha, considerando que se trata da continuação “do escândalo permanente em que vive instalado o Estado herdeiro do franquismo”.

O primeiro-ministro do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) sublinhou em entrevista a uma rádio esta manhã que o Governo espanhol estava a envidar todos os esforços para responsabilizar Puigdemont perante a justiça e salientou que foi o Ministério Público que solicitou a ativação do mandado de captura europeu.

Como prova de que o executivo está a fazer tudo para trazer Puigdemont para Espanha para ser julgado, lançou uma pergunta retórica: “De quem depende a magistratura?” O jornalista respondeu “depende do Governo” e Sánchez concordou.

A meio da tarde, Pedro Sánchez tentou corrigir o deslize inicial, assegurando que a magistratura do Estado conta “com todo o apoio do Governo” na defesa das leis e do interesse geral.

Entretanto as associações de magistrados já tinham manifestado o seu “profundo mal-estar” pelas palavras de Sánchez, deixando claro o que o Ministério Público “não recebe ordens” do Governo.

A quatro dias das eleições legislativas de domingo, o presidente do PP (Partido Popular, direita), o maior partido da oposição, Pablo Casado, apoiou o que considerou ser a “indignação lógica” dos magistrados. Por seu lado, o líder do Cidadãos (direita liberal), Albert Rivera, acusou o candidato socialista de “deitar por terra” o trabalho independente de juízes e magistrados, assegurando que ele nunca lhes irá dizer “como têm de atuar”.

O secretário-geral do Unidas Podemos (extrema-esquerda), Pablo Iglesias, criticou Sánchez por ter prometido trazer para Espanha o ex-presidente do governo regional da Catalunha comprometendo a “separação de poderes” políticos e judiciais, que vigora na União Europeia. “Como é que ele quer fazer isso? Num helicóptero, com forças especiais?”, perguntou o líder do Podemos, apelando a que o PSOE apresente medidas económicas e sociais, em vez de “encorajar o medo”.

O Tribunal Supremo espanhol voltou a emitir em 14 de outubro último um mandado europeu de detenção contra Carles Puigdemont, fugido na Bélgica desde finais de outubro de 2017, depois da tentativa de independência da Catalunha.

A Justiça tomou essa decisão depois de o Supremo ter decretado condenado 12 políticos catalães envolvidos na tentativa de autodeterminação.

ZAP // Lusa

1 Comment

  1. Este xuxalheiro espanhol está todo roto. O povo espanhol que escorrace este oportunista sem nível, que foi protagonista da maior derrota do PSOE espanhol, com 7% de votos.

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