Vários jornais australianos uniram-se, esta segunda-feira, numa campanha contra as restrições à liberdade de imprensa, cobrindo as suas primeiras páginas de negro.
A iniciativa, batizada de “Right to Know” (“O Direito de Saber” em Português), juntou vários jornais nacionais e regionais na Austrália, incluindo o The Australian, o The Daily Telegragh e o Financial Review.
Esta segunda-feira, os vários jornais chegaram às bancas com as primeiras páginas rasuradas a negro e com um selo vermelho no qual se podia ler a palavra “secreto”.
Segundo a BBC, o protesto visa as rígidas leis de segurança nacional que, segundo os jornalistas, sufocaram as reportagens e criaram uma “cultura de sigilo” na Austrália. Por sua vez, o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, disse que apoia a liberdade de imprensa, mas declarou também que “ninguém está acima da lei”.
Em junho, a polícia invadiu a sede da Australian Broadcasting Corporation (ABC) e a casa de uma jornalista da News Corp Australia, o que gerou uma enorme revolta entre os meios de comunicação social.
Os media afirmaram que estava em causa a divulgação de trabalhos jornalísticos, que terão contado com a contribuição de delatores (whistleblowers), com acusações de crimes de guerra cometidos pelas forças especiais australianas no Afeganistão e sobre as supostas tentativas de uma agência governamental de espiar os seus cidadãos.
No domingo, o Governo reiterou que é possível que três jornalistas venham a ser processados, assim como os denunciantes em causa. Entretanto, as conclusões de uma investigação sobre liberdade de imprensa serão apresentadas no Parlamento em 2020.
O protesto desta segunda-feira também foi apoiado por vários canais televisivos, estações de rádio e meios online australianos.
Desde que a nova legislação anti-espionagem foi introduzida, em 2018, os meios de comunicação fizeram pressão para que jornalistas e denunciantes tivessem isenção para poderem reportar informações confidenciais.
Esta medida faz parte de uma lista com outros pedidos, entre os quais o direito dos media a contestar mandados de busca, um novo regime para limitar os documentos que podem ser carimbados como secretos e uma reforma às leis de liberdade de informação e difamação.