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Adiamento do Brexit ainda em cima da mesa. Juncker fala em situação “extremamente complicada”

Patrick Seeger / EPA

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker

Apesar de Londres ter chegado a acordo com Bruxelas, o acordo ainda não passou pelo Parlamento britânico. Em cima da mesa continua o adiamento do Brexit.

Os líderes mundiais mostram-se agradados e, acima de tudo, aliviados por finalmente terem chegado a um consenso para a saída ordenada do Reino Unido da União Europeia. Contudo, estão de pé atrás, porque pode voltar a haver um adiamento da saída — algo que todos querem ao máximo evitar.

O acordo passou por Bruxelas, mas não chegou ao Parlamento britânico. Os 27 da União Europeia mostraram ser flexíveis, cederam e acabaram com o backstop que incomodava o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson. Mas nem tudo foram cedências por parte da UE, com, por exemplo, a Irlanda do Norte a ter de cumprir as regras europeias para bens, que ia contra as intenções de Boris.

“Concluímos um acordo, por isso não há justificação para um adiamento. Tem de ser feito agora”, reiterou Juncker.

No entanto, segundo o Expresso, Boris não tem maioria garantida no Parlamento e, em caso de chumbo no sábado, um pedido de extensão do prazo para o Brexit pode avizinhar-se. Desta forma, a batata quente passaria para a União Europeia, que poderia rejeitar o adiamento e forçar um “hard Brexit” no dia 31 de outubro.

A decisão cabe aos 27 da UE e basta apenas um “não” para que o adiamento caia por terra. “Não devíamos continuar esta discussão para além de outubro”, disse o presidente francês, Emmanuel Macron, há seis meses.

Na eventualidade de um pedido de adiamento, os chefes de Estado e de Governo deverão querer uma explicação mais plausível do que as oferecidas das restantes vezes. Por muito que ninguém queira prolongar este impasse, a situação pode descambar e levar a uma saída desordeira do Reino Unido.

Situação “extremamente complicada”

O presidente da Comissão Europeia alertou, na quinta-feira, para uma situação “extremamente complicada”, caso o Parlamento britânico rejeite o novo acordo para o ‘Brexit’, entre Bruxelas e Londres.

“Se isso acontecer, vamos encontrar-nos numa situação extremamente complicada”, disse Jean-Claude Juncker aos jornalistas, no final do primeiro dia da cimeira da UE em Bruxelas.

No mesmo dia, o presidente da Comissão Europeia descartou um novo adiamento da saída do Reino Unido da UE, prevista para 31 de outubro, defendendo que perante um acordo reformulado não há argumentos para novas extensões, mesmo que o Parlamento britânico rejeite o texto.

O acordo de saída revisto do Reino Unido da UE foi alcançado na quinta-feira entre a Comissão Europeia e o Governo britânico, e foi aprovado no mesmo dia pelos chefes de Estado e de Governo dos 27.

“O Conselho Europeu endossou este acordo […] Nessa premissa, o Conselho Europeu convida a Comissão, o Parlamento Europeu, e o Conselho a empreenderem os passos necessários para assegurar que o acordo entra em vigor a 1 de novembro de 2019”, declarou o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk.

“A principal alteração é o facto de o primeiro-ministro [Boris] Johnson ter aceitado a existência de controlos alfandegários nos pontos de entrada na Irlanda do Norte. Este compromisso permite-nos evitar controlos entre a Irlanda e a Irlanda do Norte e assegura a integridade do mercado único”, notou.

O acordo tem agora de ser ratificado pelo Parlamento Europeu e pelo Parlamento britânico.

ZAP // Lusa

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