A Arábia Saudita vendeu o edifício onde foi assassinado e desmembrado o jornalista Jamal Khashoggi. O prédio do Consulado, em Istambul, foi comprado há mais de um mês por menos de um terço do seu valor.
Segundo o jornal turco Habertürk, citado pelo Diário de Notícias, o edifício onde o jornalista saudita Jamal Khashoggi foi interrogado, torturado e assassinado foi vendido.
A Arábia Saudita decidiu vender o imóvel que albergava o consulado do país em Istambul, na Turquia, e pretende mudar os serviços diplomáticos para um novo local, perto do consulado dos Estados Unidos.
O edifício onde o jornalista foi assassinado acabou por ser vendido a um comprador desconhecido por um terço do seu valor.
Supostamente, as autoridades sauditas precisavam da aprovação do Ministério das Relações Exteriores da Turquia antes de prosseguir com a venda da propriedade. No entanto, um dos funcionários do Ministério adiantou ao Middle East Eye que a Turquia não tinha informações para confirmar o negócio.
De acordo com o DN, a decisão de transferir a delegação diplomática da Arábia Saudita para um novo prédio, situado no distrito de Sariyer, poderá estar relacionada com a possibilidade de existirem mais microfones espalhados pelo edifício.
O jornal turco refere ainda que, após o assassinato de Khashoggi, Riade enviou uma equipa para eliminar dispositivos de espionagem no prédio, mas a tarefa não terá sido concluída com sucesso. Nesse sentido, foi recomendada a mudança de instalações.
A venda do imóvel terá sido feita de forma “silenciosa”, durante o mês de agosto. Especialistas jurídicos, consultados pelo jornal Habertürk, referem, no entanto, que o prédio “ainda é um local de crime” e que as autoridades turcas podem ordenar o encerramento do edifício para que a investigação possa prosseguir.
Um relatório de Agnes Callamard, investigadora especial das Nações Unidas, adianta que o jornalista foi vítima de “uma execução deliberada, premeditada” e que o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, devia ser alvo de sanções até conseguir provar que não teve qualquer responsabilidade.
O reino saudita tem negado o envolvimento do príncipe, alegando que a morte de Khashoggi resultou de uma operação não sancionada pelas autoridades e que Bin Salman não sabia de nada.