A escala do navegador Fernão de Magalhães no Brasil, há 500 anos, foi “ilegal”, à margem do estipulado no Tratado de Tordesilhas, e existem poucos relatos para evitar, à época, problemas diplomáticos, disse um historiador brasileiro.
Samuel Pereira, coordenador do Grupo de Estudos de Trabalho Afro-Indígena (GETAI) no Cabo de Santo Agostinho, onde Magalhães aportou, disse à Lusa que “a presença dele aqui foi de pouca duração”, mas a informação sobre essa escala “ficou um pouco escondida, porque no primeiro artigo do contrato de Fernão de Magalhães com o Rei de Espanha, dizia que eles não poderiam aportar em terras portuguesas, devido ao Tratado de Tordesilhas, que proibia essa ação“.
Por isso, atualmente, em Cabo de Santo Agostinho, poucos sabem dessa paragem do navegador.
A 20 de setembro de 1519, o navegador português Fernão de Magalhães (1480-1521), ao serviço da coroa espanhola, saía de Sanlúcar de Barrameda, em Espanha, para depois atracar no município nordestino de Cabo de Santo Agostinho, naquela que seria a sua primeira paragem em continente americano.
“Este foi o primeiro lugar onde Fernão de Magalhães aportou na América. Aqui conseguiu abastecer-se, com os povos nativos a fornecerem-lhe material e produtos para que pudesse prosseguir viagem, principalmente frutas e algumas caças que aqui existiam, como antas”, disse.
Samuel Pereira explicou que, em troca desses produtos, os povos indígenas receberam da tripulação instrumentos como “facas e bugigangas”.
Assinado em 7 de Junho de 1494, o Tratado de Tordesilhas, firmado na cidade espanhola com o mesmo nome, determinou a divisão do mundo “descoberto e por descobrir” em duas partes, através de uma linha imaginária traçada a 370 léguas a oeste de Cabo Verde, de polo a polo, que garantiu os direitos de exploração das terras a oeste à coroa espanhola, e a leste a Portugal.
Prestes a completar 500 anos, a viagem, que juntou cerca de 240 homens de várias nacionalidades, tinha como intuito inicial encontrar uma alternativa à rota às Índias pela África, mas acabaria por possibilitar a primeira circum-navegação do planeta.
A jornada que foi iniciada pelo navegador português, foi concluída pelo espanhol Juan Sebastián Elcano, após a morte de Fernão de Magalhães nas Filipinas, em abril de 1521. Elcano regressou a Sevilha em 6 de setembro de 1522, acompanhado por apenas 18 homens.
Apesar de não celebrar este marco náutico nas suas efemérides locais, o Cabo de Santo Agostinho, localizado no estado de Pernambuco, e atualmente com cerca de 190 mil habitantes, valeu-se da sua localização costeira para se desenvolver economicamente em torno do complexo industrial portuário de Suape, um dos maiores polos industriais do nordeste do Brasil.
Contudo, no período colonial, o Cabo foi porto de desembarque de escravos vindos de África, que trabalhariam nos engenhos de açúcar erguidos na região.
“Aqui é um local onde boa parte dos escravos aportavam, também pelo fator da pujança económica que esta região tinha. Esta região foi o ponto económico principal no período colonial, foi daqui que se sustentou o Brasil (na época). Ao sul, onde é hoje o Rio de Janeiro e São Paulo, não tinham a dinâmica e pujança económica que esta região garantia”, afirmou o professor de história.
“O nosso desenvolvimento deu-se muito em cima da indústria agroaçucareira, essa é a nossa base histórica, principalmente no período colonial. Na segunda metade do século XX é que se começaram a centrar aqui outros tipos de indústrias, como de plástico, com borracha sintética, indústria de calçado, e ligou-se também a serviços, começando a desenvolver-se assim o comércio na região”, disse.
Quem vê as belas praias do Cabo de Santo Agostinho, talvez não saiba que aquela região já foi também palco de um outro momento decisivo na história da humanidade, por ser o ponto de rutura do grande continente ‘Gondwana’ (derivou da fragmentação da Pangeia), que deu origem ao Oceano Atlântico e aos continentes Sul-americano e Africano, há cerca de 100 milhões de anos na era Cretácea.
E foi precisamente nesse ponto de rutura continental, no cabo que recebeu o nome de Santo Agostinho, que Samuel Pereira salientou, em entrevista à Lusa, a importância histórica daquela região a vários níveis, acrescentando que “não é à toa que vários navegadores, há séculos atrás, tinham o Cabo de Santo Agostinho como ponto de referência para ir mais ao sul do continente sul-americano”.
ZAP // Lusa
Interessante como certos pequenos factos podem influenciar grandes acontecimentos! Se Fernão de Magalhães tivesse sido detido no Cabo de Santo Agostinho, a primeira viagem de circum-navegação não se teria concretizado. Tal como, a sua morte nas Filipinas permitiu que a viagem continuasse para Ocidente sob o comando de Sebastián Elcano.
Estou a espera a qualquer altura de”alguem” ,negar que os Portugueses afinal nao descobriram nada, nunca foram a lado algum e nao tiveram nenhuma importancia na Historia…
No dia em que isso acontecer, caro Adérito, emigro! Felizmente, sucederá o contrário. Cada vez há mais historiadores internacionais interessados na fantástica História de Portugal.
A única oportunidade que poderia ter acontecido de se ter abortado a viagem de circum-navegação, foi em Cabo Verde, no regresso, porque precisamente, eles pararam para se refrescarem e estavam mortos de fome mas não tinham dinheiro para comerem e então para pagar a alimentação tentaram vender umas sacas de cravinho que traziam com eles das Molucas, a especiaria mais cara de todas e que só os portugueses tinham acesso pela Rota do Cabo e esse foi o único sinal de transgressão;os que estavam em terra foram presos porque tinham sido descobertos e os restantes no barco zarparam para Espanha.
Num excelente artigo de José Manuel Garcia sobre o navegador, publicado aqui: https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/ha-500-anos-fernao-de-magalhaes-saiu-para-a-circum-navegacao-mas-d-manuel-queria-evitar-viagem-e-tentou-prender-navegador , lê-se, “Com o objetivo de contrariar esta expedição destinada a alcançar as “Ilhas das Especiarias” pelo Oceano Pacífico, o rei D. Manuel I decide em 1520 enviar uma armada para as Molucas chefiada por Jorge de Brito, e que tinha por objetivo prender Fernão de Magalhães que “não estava autorizado a fazer essa viagem”, adiantou o historiador. No entanto, precisou o investigador, os planos alteraram-se e a prisão não aconteceu porque Fernão de Magalhães, “uma personalidade ambiciosa”, foi morto nas Filipinas em abril de 1521.”
Segundo o investigador José Manuel Garcia, Fernão de Magalhães só não foi preso nas Molucas pela armada de Jorge de Brito, que para lá se dirigiu com essa missão, porque morreu antes de lá chegar. E segundo o historiador Luís Filipe Thomaz, Fernão de Magalhães meteu-se em brigas tribais nas Filipinas que não lhe interessavam para nada (nem a ele, nem à Coroa Espanhola) quando percebeu que se tinha enganado e as Molucas pertenciam, de facto, a Portugal. Nesse momento, percebeu que cairia em desgraça em Espanha enquanto tinha a cabeça a prémio em Portugal.
Parece mesmo que tem algo contra Portugal amigo! Já nos visitou?
Na verdade Portugal não descobriu nada, Portugal encontrou terras povoadas por populações indigenas com tecnologia bastante inferior e dada a sua superioridade colocou sua bandeira em terras de Vera Cruz, o fantástico Brazil. E como é claro, dada a ideologia da época e tal como espanhois e franceses escravizou a pobre população para trabalhar em prol do Império. Mas pelo menos Portugal não extreminou ninguém (como “alguém” exterminou Aztecas e Incas, e outros exterminaram Cherokee, Sioux..). Se houve violação? Infelizmente sim, desde antes dos Gregos 🙁 Se houve trabalho escravo? Infelizmente sim, era comum em todos os Impérios desde Hammurabi e afins.. Se Portugal explorou as terras do Brazil para plantações e ouro, entre outros minerais? Ainda hoje é comum você explorar a terra que você acha que é sua.. Portugal e Espanha “dividiram” o mundo, sim amigo, e se não fosse a expedição do rei Filipe II em 1588, quando metade da frota Portuguesa foi usada e perdida, tal como a espanhola, para tentar converter England ao Catolicismo, o mundo hoje seria um pouco diferente e a sua língua era falada em mais uns tantos países do que já é.. Vamos o que? Falar da fraca institucionalização do ensino na Africa e Brazil portugueses? Vamos lá amigo, apenas os Ingleses fizeram isso e em poucas colónias, como deve calcular uma “ditadura” não vai querer nunca que o povo estude para se revoltar em Portugal existiu isso mesmo até 1974.. Se os Impérios foram uma vergonha? Claro que foram, por isso é que existiram D.Pedros e Georges Washingtons para acabar com eles, agora ódiozinhos com 500 anos com o mundo tão diferente?? Pode não gostar, mas arranje algo concreto, senão parece aquele ódio religioso que não tem explicação com as cruzadas e jihads de há 1000 anos.. Ahh não amigo, já chega a bosta toda que tem passando neste mundo hoje em dia quanto mais os 2 principais países da língua portuguesa estarem de costas voltadas tipo Portugal/Brasil, Espanha/México.. USA e UK acabaram com essas guerras antigas há muito tempo, unificaram-se criaram a Commonwealth.. A culpa do Brazil estar como está não é de Portugal, nem a culpa de Portugal estar como está é da União Europeia.. Décadas e décadas de votos em governantes burros e corruptos e ditaduras que só emburreceram as populações (Salazar e Vargas) dá nisso que se passa nos países latinos hoje em dia amigo. Saudações
Os EUA não fazem parte da Commonwealth e, em Português, escreve-se Brasil.