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Costa “profundamente perplexo” por Rio tirar TGV da cartola

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Mário Cruz / Lusa

O secretário-geral do PS, António Costa

O secretário-geral do PS afirmou-se “perplexo com o TGV tirado da cartola” por Rui Rio, acusando o presidente do PSD de “inconstância permanente de posições”.

“Ouvi essa declaração com uma enorme perplexidade“, afirmou o líder socialista, referindo que “o PSD foi sempre o campeão anti-TGV” e, agora, Rui Rio vem defender a solução entre Lisboa e Porto, depois de o programa nacional de infraestruturas para a próxima década ter sido aprovado na Assembleia da República, sem que os sociais-democratas apresentassem essa proposta.

“É muito estranho que tenha havido uma grande discussão na Assembleia da República sobre as infraestruturas a realizar na próxima década, tendo o PSD apresentado propostas, tendo o PSD votado a favor do programa, de repente saia da cartola um TGV de que ninguém ouviu o PSD falar”, continuou.

Costa estranha também ter ouvido o presidente do PSD “tirar da cartola dúvidas sobre a sua estratégia da solução Montijo” para o novo aeroporto, apontando que “foi uma solução desenvolvida pelo anterior Governo”.

“Precisamente para não andarmos sempre numa lógica de descontinuidade nós agarramos, estamos a trabalhar com a solução possível no contexto em que vivemos”, acrescentou.

O líder do PS insistiu que fica “muito surpreendido com esta inconsistência permanente das posições do PSD e do Dr. Rui Rio sobre matérias estruturantes para o país”.

Costa enfatizou que “investir numa linha do TGV não é fazer uma variante a uma vila, é uma obra de milhares de milhões de euros, relativamente aos quais tem que haver um consenso nacional muito profundo”.

“Quando agora se discutiu o programa de infraestruturas para a próxima década não houve proposta nesse sentido, agora que o programa está aprovado e em cima de eleições é que sai da cartola uma proposta como o TGV?”, perguntou.

Fiquei profundamente perplexo como é que um partido com o grau de responsabilidade e que pretende ser alternativa de Governo se comporta com esta ligeireza relativamente a investimentos que são de milhares de milhões de euros”, acrescentou.

O líder socialista entende que “não há nem condições financeiras, nem condições políticas para neste próximo quadro comunitário haver qualquer iniciativa dessa obra”.

Sobre estas declarações, Rui Rio disse que o PSD não fala no seu programa eleitoral na execução do TGV, mas no estudo de uma ligação mais rápida entre Porto e Lisboa, concluindo que Costa “deixou-se levar pelas notícias”.

“A notícia foi manifestamente exagerada. O doutor António Costa provavelmente ouviu a notícia, acreditou nela, ele já tem experiência que chegue para não acreditar logo nas notícias, mas faz um comentário em cima de um pressuposto que não é exatamente assim”, comentou o líder social-democrata nos Açores, no início de uma visita de dois dias à região autónoma.

No programa social-democrata às legislativas de outubro, precisou Rui Rio, está “alta velocidade, sujeita a consenso nacional, ibérico e europeu, e não está nenhuma execução para os próximos quatro anos”, antes um estudo sobre a matéria, o planear da mesma se se entender que é para avançar, e um novo estudo “condicionado às finanças públicas portuguesas”.

António Costa comentou também aos jornalistas a desconvocação da greve dos motoristas de matérias perigosas, afirmando: “todos ficamos satisfeitos, foi mais uma vitória do diálogo social”.

O secretário-geral do PS falava à margem de uma visita à Feira de Agricultura que decorre até domingo, em Macedo de Cavaleiros, no distrito de Bragança, e onde apontou que “ao longo deste quadro (comunitário de apoios) foram concedidos mais de 280 milhões de euros de apoio direto aos agricultores” desta região.

Disse ainda que têm havido outros apoios indiretos como a criação dos centros nacionais de competências da vinha e do vinho e dos frutos secos e dos laboratórios colaborativos com as instituições de ensino superior.

Falou ainda dos 40 milhões de investimento em barragens ou renovação do regadio e nas medidas de valorização do interior do país com a criação de uma secretária de Estado e um programa integrado.

Admitiu, contudo, que a revitalização do interior não se faz com um estalar de dedos, “é um processo que é muito exigente porque corresponde a um processo de desertificação que foi de décadas”.

ZAP // Lusa

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