Rio deixou bem claras as suas intenções para as legislativas de 6 de outubro. Seja o PS ou o PSD a ganhar, sem maioria absoluta, Rio apenas aceita um “acordo de ordem estrutural” com Costa.
No programa “Uma pergunta para si”, da TVI24, Rui Rio esclareceu a sua visão sobre um possível acordo entre PS e PSD caso quem vença não consiga maioria absoluta. O líder social-democrata admitiu eventualmente apoiar um Governo de António Costa caso este aceite negociar com ele um “acordo de ordem estrutural”.
Rio tem de pesar os prós e os contras, mas já disse que pretende “prestar um serviço ao país e jogar com o apoio eleitoral que tiver para forçar reformas estruturais”. O seu objetivo é bastante simples: “ajudar a pôr o país nos trilhos e a romper estrangulamentos”. Para tal, não pode haver um acordo semelhante ao da geringonça.
“Não tenho perfil para andar tipo queijo limiano. Qualquer acordo que possa haver (ganhe o PS ou o PSD as eleições) tem que ser de ordem estrutural” e não pode ser limitado “a questões de gestão corrente”, como aconteceu com a geringonça das últimas legislativas.
A referência ao queijo é relativa ao episódio que ficou conhecido como “Orçamento do Queijo Limiano” de fevereiro de 2000. Na altura, num Governo socialista sem maioria absoluta na Assembleia da República, Daniel Campelo, a troco de vários investimentos públicos em Ponte de Lima, viabilizou dois Orçamentos de Estados — 2001 e 2002.
Rui Rio não está aberto a facilitismos e promete pulso firme. O líder do PSD diz que se perder as legislativas, Costa não vai contar com ele só para aprovar Orçamentos. “Só para ele poder governar? Não é para isso que eu estou neste lugar”, disse, citado pelo Expresso.
Durante o seu discurso no programa da TVI24, afastou-se da visão de Costa sobre uma eventual crise económica internacional. “A minha teoria é a de uma economia saudável e tudo o que propomos está sustentado por um quadro macro económico assente nas previsões do Conselho das Finanças Públicas”, explicou Rio, acusando ainda o atual primeiro-ministro de ter “gasto tudo o que tinha sem preparar o futuro”.
O social-democrata reiterou as negociações para fazer reformas estruturais, em áreas como a Segurança Social ou a Justiça, defendendo que para tal não é necessário estarem os dois partidos no Governo. “Para se fazer um acordo para reformar a Segurança Social não é preciso ter lá um ministro“, atirou.
Em matéria mais concreta, admitiu repor as 40 horas do horário de trabalho da Função Pública, considerando “um erro” baixar para as 35 horas. Em relação aos professores, prometeu negociar carreiras, salários e descongelamentos — recebendo o apoio do secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, que estava presente em estúdio.
A retórica de Rui Rio parece ter agradado aos portugueses que assistiram ao programa, tendo sido o entrevistado que recebeu mais avaliações positivas dos telespectadores: 76% consideraram que esteve bem e apenas 24% mostraram-se desagradados.