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“A água chega-lhes ao pescoço”. Furacão Dorian fez pelo menos cinco mortos e 21 feridos nas Bahamas

Michael Wyke / EPA

O furacão Dorian chegou às Bahamas pelas 12h40 horas locais (17h40 de domingo em Portugal continental) e provocou cinco mortos nas ilhas Ábaco, segundo o primeiro-ministro daquele país, deixando um rasto de destruição.

Depois de ter chegado à categoria 5, a mais alta, com as autoridades a falarem num furacão “catastrófico”, o Dorian passou para categoria 3, registando ventos de 200 quilómetros por hora, pelas 2h00 locais desta terça-feira (7h00 em Portugal continental). O furacão tinha descido para categoria 4 durante a tarde de segunda-feira.

Na manhã desta terça-feira, o furacão continua a atacar a ilha de Grande Bahama, permanecendo na mesma posição por mais de 12 horas. Espera-se que o Dorian continue na região pelo menos até terça-feira à noite.

Hubert Minnis, primeiro-ministro das Bahamas, fala num “tragédia histórica”. O governante referiu ainda duas dezenas de feridos, bem como pessoas na ilha próxima Grande Bahama em sérias dificuldades.

As equipas de resgate já estão nas ilhas Ábaco com helicópteros para evacuar os feridos e levá-los para Nassau. As equipas de emergência estão a ter dificuldades em responder a todos os pedidos de ajuda devidos às rajadas intensas.

A destruição já se fez sentir em partes do arquipélago, com casas destruídas. O furacão terá até feito uma primeira vítima mortal: um rapaz de sete anos, segundo conta a televisão das Bahamas EyewitnessNews. Também a Bahamas Press fala num rapaz que se terá afogado nas ilhas Ábaco e cuja irmã também estará desaparecida.

Pelo menos sete hospitais na Florida tiveram de ser evacuados. A Cruz Vermelha norte-americana está a pedir doações de sangue e contribuições monetárias. Cerca de 2.600 pessoas procuraram refúgio em 60 abrigos comunitários e da Cruz Vermelha na Florida

O aeroporto Internacional de Orlando, na Florida, vai encerrar a partir de terça-feira pelas 2h00 hora local (7h00 em Portugal continental). Mais de 1.300 voos com partida ou chegada aos Estados Unidos foram cancelados. Espera-se que mais mil sejam cancelados esta terça-feira.

“O Furacão Dorian ainda está a afetar a ilha de Grande Bahama e vai continuar lá por várias horas”, disse o governante. Minnis apelou aos cidadãos cujas casas não foram afetadas a acolherem pessoas que necessitem de abrigo.

O Dorian deverá chegar à costa leste dos EUA esta terça-feira. Durante a madrugada Donald Trump declarou esta segunda-feira o estado de emergência para a Geórgia, Carolina do Norte e Carolina do Sul. O governador da Virgínia seguiu-lhe o exemplo e declarou o estado de emergência naquele estado norte-americano. Na madrugada desta terça-feira, já se registavam inundações em Miami.

Trump já tinha aprovado a declaração de emergência para o estado da Florida na sexta-feira, devido à proximidade do furação, que na ocasião atingia a categoria 5, a máxima na escala Saffir-Simpson.

A declaração do estado de emergência facilita a disponibilização de fundos governamentais para desastres. Com esta medida, Trump autoriza o departamento de Segurança Nacional e a Agência Federal de Gestão de Emergências (FEMA) a coordenar todos os esforços se assistência para desastres com o objetivo de minorar as consequências da intempérie.

Os condados de Palm Beach até Nassau, na fronteira entre a Georgia e a Florida, “emitiram ordens de evacuação”. “Falei esta manhã com o presidente Trump. Reiterou que vai disponibilizar os recursos de que precisamos” afirmou o governador da Florida, Ron DeSantis.

Várias localidades já tiveram de ser evacuadas, com centenas de pessoas a procurar abrigo em escolas e igrejas. Segundo um comunicado da Cruz Vermelha, 13 mil casas ficaram completamente destruídas ou danificadas devido aos ventos que ultrapassaram os 300 quilómetros por hora e há a “necessidade urgente” de água potável, assistência sanitária e apoio económico a curto prazo.

Cerca de 19 milhões de pessoas vivem nas zonas que poderão ser afetadas pela intempérie e um número estimado de até cinco mil pessoas na Florida, Geórgia e Carolina do Sul poderão vir a precisar de abrigo de urgência em função do impacto dos ventos e chuvas, adianta a Cruz Vermelha.

“Não temos ainda uma imagem completa do que aconteceu. Mas é claro que o furacão Dorian teve um impacto catastrófico”, declarou Sune Bulow, chefe do centro de operações de emergência da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICR).

Os números de emergência na ilha de Grande Bahama não estão a funcionar. Uma organização local publicou nas redes sociais um pedido de ajuda, revelando que pessoas e animais estão presas num abrigo. “Há seis pessoas num abrigo em Coral Road que precisam imediatamente de ajuda, porque a água lhes chega ao pescoço. Estamos a ligar para todos os números mas por favor partilhem”, lê-se num post.

No domingo, a força máxima do vento atingiu os 297 quilómetros por hora, com rajadas de até 354 quilómetros por hora, tornando-se o furacão atlântico mais potente a atingir terra. De acordo com o centro nacional de furacões dos Estados Unidos (NHC), o Dorian é já o “furacão mais violento da história moderna no noroeste das Bahamas”.

“Este é provavelmente o dia mais triste e o pior dia da minha vida”, confessou o primeiro-ministro das Bahamas ao The Guardian. “Quero dizer que, como médico, fui treinado para lidar com muitas coisas, mas nunca para nada como isto”, disse.

ZAP // Lusa

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