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“O que vou fazer? Estou no escuro.” Portuguesa interrompe direto da Sky News para falar sobre o Brexit

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Sean Dempsey / EPA

“Dei a minha juventude ao Reino Unido.” Uma imigrante portuguesa interrompeu uma entrevista em direto da Sky News, para falar sobre o conturbado processo do Brexit. O discurso, descrito como “apaixonado” pelo canal de televisão, está a dividir opiniões.

Acontecia em Londres um protesto contra a suspensão do Parlamento britânico quando uma mulher portuguesa interrompeu a entrevista de uma jovem à Sky News, para protestar sobre a forma como os cidadãos da União Europeia (UE) estão a ser tratados no Reino Unido.

“Tu tens uma voz, mas eu sou portuguesa e trabalhei aqui durante 20 anos e não tenho voz. O processo de pedido de residência não está a funcionar. Protesto porque eu preciso de uma voz. Trabalhei e dei a minha juventude a este país”, disse a jovem portuguesa.

A imigrante, não identificada, conta que trabalhou no Reino Unido durante mais de 20 anos a tomar conta de crianças e idosos, mas que agora, a dois meses da data limite para a saída do país da UE, o seu processo de regularização entrou num impasse, dado que uma das informações necessárias para terminar o pedido não está correta e os serviços britânicos afirmam que a imigrante terá de começar tudo de novo.

“Dei a minha juventude a este país. Estou muito grata por aquilo que me ensinaram, mas devia ser integrada em todo este processo. Não posso simplesmente ser chutada daqui para fora. Eu construí coisas para vocês, tomei conta dos vossos filhos e tratei dos idosos deste país. Agora expulsam-me com o quê? Com o quê? Sinto-me muito magoada com o que fizeram com Inglaterra. Eu vim para aqui e juntei-me à força de trabalho e estou muito orgulhosa”, disse, visivelmente revoltada.

A mulher conta que lhe disseram que o seu número da segurança social “não bate certo” e que, por isso, o processo tem de voltar ao início. “O que vou fazer? Como é que vou ficar aqui? Quais são os meus direitos? Estou no escuro, tal como muitas pessoas que já deixaram Londres e que estava na mesma decisão. Porque é que este parlamento não eleito nos fez isto?”

Segundo o Público, as reações nas redes sociais dividem-se. Se por um lado há quem se sinta solidário com a situação, também há quem acuse a Sky News de ter encenado a interrupção. Há também quem diga que a mulher foi para aquele país trabalhar “porque quis” e que teve três anos para se legalizar, mas só agora é que se está a preocupar.

Desde 2015, os cidadãos europeus precisam de apresentar uma prova de residência permanente no Reino Unido para conseguirem a nacionalidade britânica, um procedimento que, nos últimos dois anos, aumentou significativamente.

O settled status, estatuto de residente permanente, é atribuído àqueles com cinco anos consecutivos a viver no Reino Unido. Por sua vez, os que estão há menos de cinco anos no país terão um título provisório (pre-settled status) até completarem o tempo necessário.

Este direito tem de ser solicitado e concedido pelas autoridades britânicas, sendo o procedimento gratuito e feito exclusivamente através da Internet.

LM, ZAP //

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3 Comments

  1. Não sei se o erro foi desta senhora, por ter deixado o tempo correr, ou se é dos serviços britânicos ou da embaixada portuguesa. Não estou no lugar dela e não tenho o direito de me pronunciar sobre este caso. No entanto, do que ela disse, uma coisa salta à vista por errada. O Parlamento foi eleito. Poderá ter confundido o Parlamento com o Governo, talvez. Outra coisa é a queixa de não ter voz. Referir-se-á ao facto de não poder votar? Os estrangeiros nunca votam. Ingleses, por exemplo, também não votam em Portugal. A única maneira de o fazer é adquirindo a nacionalidade do país de acolhimento, o que ela não fez, evidentemente. Desejo-lhe boa sorte, tal como a todos os que têm contribuído com a sua força de trabalho e com os seus conhecimentos para o progresso do RU!

    • Repare Z, é errado dizer que o Parlamento por inteiro não foi eleito. Mas nem o Boris nem a equipa que ele escolheu como aquela Priti Putel que pariu, foram eleitos. A House of Lords também nunca é eleita e representa metade do Parlamento. Por isso mais de metade do Parlamento actual não foi de facto eleito. Isto para não falar que a maioria conservadora práticamente que já se perdeu com tantas deserções dos deputados Tories.

      Não é verdade que os estrangeiros nunca votam. Apenas não votam nas eleições principais (general elections). No resto podem votar e eles até estão sempre a pedir que votem. Mas eu acho que ela não se refere a isso quando diz que não tem voz. Refere-se aos media não darem cobertura suficiente ou nenhuma à opinião das comunidades de emigrantes no Reino Unido. As televisões estão sempre apenas a pedir opiniões de pessoas nascidas no RU e a verdade é que a percentagem de população emigrante do RU assim como o seu contributo para o PIB, são enormes. É um absurdo não envolverem mais as comunidades de emigrantes nos debates… E nunca o fazem!

  2. Vamos ser honestos, a senhora era mais uma de tantas cuidadoras informais que não declaram um tostãozinho e sempre preferiram fazer de conta que não existiam. Agora, para a Inglaterra pós exit, vai continuar a não existir.
    Sempre poderá vir trabalhar para Portugal como cuidadora que foi o que segundo a própria, aquilo que sempre fez na Inglaterra.
    Só que não… aqui tem que ter um trabalho de doutora e/ou engenheira com pelo menos 1250 euros de salário.

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