A moeda chinesa desvalorizou-se para o nível mais baixo face ao dólar norte-americano desde 2008, numa altura em que a guerra comercial com os Estados Unidos se agrava, afetando também as praças financeiras chinesas.
A meio do dia desta segunda-feira na China, um dólar norte-americano valia 7,15 yuan no mercado interno – o valor mais baixo da moeda chinesa em 11 anos. Nos mercados internacionais, que inclui Hong Kong, o valor do yuan face ao dólar fixou-se nos 7.1355.
O yuan não é inteiramente convertível, sendo que o seu valor face a um pacote de moedas internacionais pode variar até 2% por dia.
No início do mês, as praças financeiras em todo o mundo registaram fortes perdas depois de Pequim permitir que o yuan caísse para o valor mais baixo em onze anos, em relação ao dólar, no que foi interpretado como uma retaliação pelo anúncio de novas taxas alfandegárias sobre importações oriundas da China pelos Estados Unidos.
Nas últimas semanas, o Banco do Povo Chinês (banco central) tem tentado estabilizar o valor do yuan, mas as disputas comerciais entre Pequim e Washington voltaram a agravar-se nos últimos dias.
Na sexta-feira, Pequim anunciou que vai impor novas taxas alfandegárias, de 5% e 10%, sobre 75 mil milhões de dólares de importações oriundas dos EUA, a partir de setembro.
Trump anunciou que vai elevar as taxas de 25% para 30%, sobre 250 mil milhões de dólares de bens importados da China, e 15%, sobre os restantes 350 mil milhões de dólares em produtos chineses.
As bolsas de Xangai e Shenzhen fecharam esta segunda-feira a cair 1,17% e 0,98%, respetivamente. A bolsa de Hong Kong recuou 2,79%.
Os governos dos dois países disputam há mais de um ano uma guerra comercial, com ambos os lados a subirem as taxas alfandegárias sobre centenas de milhares de milhões de bens importados um do outro.
No cerne das disputas está a política de Pequim para o setor tecnológico, que visa transformar as firmas estatais do país em importantes atores globais em setores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros elétricos.
Os Estados Unidos consideraram que aquele plano, impulsionado pelo Estado chinês, viola os compromissos da China em abrir o seu mercado, nomeadamente ao forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia e ao atribuir subsídios às empresas domésticas, enquanto as protege da competição externa.
// Lusa