O Túnel da Mancha celebra esta terça-feira o seu 20.º aniversário com números recorde de passageiros e tráfego automóvel.
A ideia de uma ligação subterrânea por debaixo do mar entre a Inglaterra e o Velho Continente remonta ao início do século XIX e a um plano do engenheiro Albert Mathieu-Favier de colocar a circular carruagens puxadas a cavalo.
Ao longo do tempo, o projecto angariou apoio político, mas foi bloqueado por razões militares e económicas até que, finalmente, foi oficializada a construção no Tratado de Canterbury assinado entre Londres e Paris em 1987, ano em que os trabalhos de escavação começaram.
O túnel, com 50,5 quilómetros sob o Canal da Mancha entre Folkestone, no Reino Unido e Coquelles, em França, foi oficialmente inaugurado pela rainha Isabel II e o presidente francês François Miterrand a 06 de maio de 1994.
Tem 3 vias, nas quais circulam o comboio de alta-velocidade de passageiros Eurostar, o Eurotunnel Shuttle para automóveis e composições de carga. O Eurotunnel Shuttle, um gigantesco comboio de carga para veículos, é o maior do mundo no género.
Durante os 20 anos de existência, o ‘Eurotunnel‘, como passou a chamar-se, deparou-se com problemas financeiros, cortes de energia, incêndios e greves, e grupos de imigrantes tentaram atravessá-lo a pé para chegar às ilhas britânicas.
Mas o funcionamento continuou e os resultados têm vindo a melhorar: em 2013, o serviço de vaivéns destinados aos veículos rodoviários transportou 1,37 milhões de camiões de mercadorias, 2,5 milhões de automóveis e 64,5 mil autocarros, o que resultou num aumento de dois por cento das receitas, para 447 milhões de euros.
No ano passado, as receitas subiram 12 por centro para mil milhões de euros e as perspectivas de desenvolvimento são positivas.
Desde março deste ano já é possível usar o telemóvel ou a internet durante uma viagem no túnel e há planos para usar a infra-estrutura para instalar cabos elétricos que ligarão as redes francesa e britânica.
Segundo um estudo da consultora PricewaterhouseCoopers, o esperado crescimento económico europeu até 2020 deverá adicionar 1,8 milhões aos cerca de 10 milhões de passageiros que viajam de comboio anualmente entre Londres e Paris ou Bruxelas.
Mas os planos de abertura de novas ligações ferroviárias de alta velocidade directas entre Londres e Colónia, Frankfurt, Amsterdão e Genebra em 2016 poderão adicionar mais 2,5 milhões de passageiros anuais até 2020 – alguns dos quais, “roubados” às companhias aéreas.
ZAP/Lusa