Comemorações oficiais dos 75 anos do desembarque aliado na Normandia, também conhecido como “Dia D”, decorreram ontem no Reino Unido e hoje continuam em França.
“Obrigado”, disseram Emmanuel Macron e Theresa May durante os discursos de inauguração de um memorial e de uma nova estátua comemorativa do desembarque das forças aliadas na Normandia, em Ver-Sur-Mer, esta quinta-feira.
“Se houve um dia que determinou o destino das gerações futuras em França, na Grã-Bretanha, na Europa e no Mundo, esse dia foi o dia 6 de junho de 1944”, disse a primeira-ministra britânica. “Aos veteranos a única palavra que lhes podemos dizer é obrigado“.
O Presidente francês, presente na cerimónia que inicia as comemorações oficiais em solo francês, agradeceu a “todos aqueles que morreram para que a França pudesse ser livre, outra vez”.
Na cerimónia, que decorre neste momento em “Omaha Beach”, (Ver-sur-Mer) Normandia, norte de França, estão presentes muitos veteranos, entre os quais 250 britânicos, e representantes de 16 países.
As comemorações oficiais começaram ontem em Portsmouth, cidade costeira do Reino Unido que serviu de posto de preparação para o desembarque, na presença da Rainha de Inglaterra, Isabel II, do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e ainda da chanceler alemã, Angela Merkel.
“Dia D” 75 anos depois
Entre imagens e sons de arquivo e atuações de atores e cantores, vários líderes de países que participaram no desembarque na Normandia leram textos de soldados e políticos que tiveram um papel crucial naquele episódio histórico.
Macron leu o emotivo texto de um soldado da Resistência francesa que dizia não ter medo da morte, porque estava de consciência tranquila e esperava apenas que os seus compatriotas fossem felizes no final do conflito.
May leu a carta de um capitão à sua mulher, dois dias antes do desembarque, dizendo que sonhava com o dia em que regressaria aos seus braços. De seguida, a ainda chefe do Governo britânico leu o telegrama que anunciava a morte do soldado.
Trump, por sua vez, repetiu a oração que o seu antecessor na II Guerra Mundial, Franklin D. Roosevelt, leu numa emissão radiofónica dirigida ao país, nas vésperas do “Dia D”. “Sabemos que os nossos filhos irão vencer. Mas sabemos que alguns não voltarão”.
Isabel II aproveitou para recordar que, quando presidiu às celebrações do 50.º aniversário do “Dia D”, muitos acharam que seria a última vez que ali estaria. “Estar hoje aqui, 75 anos depois, mostra o espírito de resiliência” que está subjacente aos países do “mundo livre”, disse a monarca, agradecendo o contributo dado em favor da liberdade.
O maior desembarque militar da História
Na madrugada de 6 de junho de 1944, mais de 160 mil militares das forças aliadas desembarcaram no norte de França, entre os quais 73 mil norte-americanos e 83 mil britânicos e canadianos, além dos destacamentos franceses, totalizando uma força formada por soldados de 12 países. Os aliados enfrentaram mais de 50 mil soldados nazis estacionados na “Muralha do Atlântico”, na região da Normandia.
Mais de 73 mil soldados foram vítimas dos combates contra as forças da Alemanha nazi no norte de França, sendo que 4.414 aliados foram mortos nas primeiras horas do desembarque e 153 mil soldados ficaram feridos no primeiro dia da operação.
Mais de 20 mil civis franceses morreram durante os bombardeamentos aliados e nos combates nos dias que se seguiram, apesar de alguns historiadores referirem que o número de vítimas entre a população foi superior.
O número exato de baixas alemãs é desconhecido, mas os historiadores estimam que morreram entre quatro mil e nove mil soldados nesse dia. No total, mais de 22 mil alemães estão sepultados nos cemitérios da Normandia.
Mais de dois milhões de pessoas, entre soldados, marinheiros, pilotos e médicos, estiveram envolvidas na “Operação Overlord” que teve como objetivo inicial ocupar as praias do norte de França com os nomes de código: Omaha, Utah, Gold, Sword e Juno.
A operação – o maior desembarque militar da História – foi apoiada pela projeção de paraquedistas aliados lançados durante a noite atrás das linhas alemãs.
Estima-se que milhares de veteranos aliados, a maior parte com mais de 90 anos de idade, continuam vivos.
ZAP // Lusa