Os Verões em Portugal vão ser cada vez mais quentes. O alerta é do presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), Jorge Miranda, que frisa que o país vai “ultrapassar todos os anos os máximos” de temperatura de anos anteriores.
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“Nós vamos todos os anos ultrapassar os máximos de anos anteriores e às vezes também os mínimos”. A previsão é do presidente do IPMA em entrevista à Rádio Antena 1, onde fala de uma mudança que diz que é “global” nas temperaturas do planeta.
“É muito fácil as pessoas ridicularizarem os miúdos que falam do clima e da ameaça climática, é muito fácil perceber-se que há alguma situação mais emocional do que racional nessa acção, mas atenção, o problema existe, está cá, é conhecido e seguramente vai afectar-nos com muita intensidade”, vaticina Jorge Miranda.
Falando da época específica em que nos encontramos, o presidente do IPMA frisa que estamos “numa situação em que a temperatura tem tendência para aumentar” e “a humidade tem tendência para diminuir”, uma “combinação de factores” que, associado a “um regime de vento moderado a forte, leva a que o perigo de incêndio florestal aumente significativamente”.
Notando que neste momento, em Portugal, já não se fala em “época dos fogos”, mas que o perigo é avaliado “no curto e no médio prazo”, o presidente do IPMA realça que “nos últimos 20 anos, temos tido várias situações de perigo acrescido no fim do Verão“, em Setembro e Outubro.
“Depois de três meses de estio e praticamente nenhuma precipitação, quando se seguem a Invernos também eles bastante secos”, estão “reunidas todas as condições para que os fogos se desencadeiem com facilidade e se propaguem com rapidez“, constata Jorge Miranda, frisando que “foi o que aconteceu no ano passado”.
“Um incêndio rural se não for controlado muito rapidamente pode tornar-se incontrolável”, acrescenta ainda o responsável do IPMA, alertando que as regiões do centro e do norte são aquelas que devem gerar mais preocupações com o risco dos fogos.
Jorge Miranda também atesta que na Península Ibérica, especialmente em Portugal, sempre houve “incêndios rurais” e que se ganhou o hábito de culpar a “desorganização do espaço rural” por isso. Mas em países como a Suécia e a Inglaterra, considerados “o oposto da nossa capacidade de planeamento”, também acontecem, atesta.
Assim, trata-se de “um problema que não é de uns, é de todos“, sublinha Jorge Miranda. “Deixou de ser um problema mediterrânico, deixou de ser um problema ibérico e neste momento é um problema europeu e, provavelmente, mundial”, realça.
A título de exemplo, o presidente do IPMA sustenta que as previsões indicam que a anomalia climática é de 0,25 graus na Península Ibérica, enquanto no centro da Europa sobe para os 1,5 graus.