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“O PSD está a transformar-se num partido rural”

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Mário Cruz / Lusa

Luís Marques Mendes

Luís Marques Mendes disse este domingo no seu habitual espaço de comentário da SIC que o PSD está “praticamente a transformar-se num partido rural”, que quase não tem terreno junto dos grandes centros urbanos.

Tendo em conta os maus resultados da direita nas eleições europeias, Luís Marques Mendes acredita que um resultado negativo nas legislativas poderá levar a “crises internas” e a “crises de liderança” no CDS e no PSD.

“A oposição está a atravessar um dos piores momentos da sua história, se não o pior (…) No caso do PSD – isto até custa dizer – o PSD praticamente está a transformar-se num partido rural, quase não tem plantação nos grandes centros urbanos, onde estão os votos, onde estão os eleitores”, considerou ex-líder no social-democrata à SIC.

No entender do conselheiro de Estado, o PSD parece estar a alterar a sua “natureza de partido grande, que normalmente deve ser de 30 ou acima de 30 [por cento], e parece que está a passar para um partido médio, na ordem dos 20 ou 20 e pouco por cento”.

Marques Mendes considera que a direita não enfrenta “meramente um problema de comunicação”, elencando três razões para os maus resultados: falta de causas, falta de protagonistas de peso e falta de coesão ao centro-direita.

“O PSD e o CDS, sobretudo o PSD, tinham sobretudo duas causas tradicionais: o rigor financeiro e o crescimento económico. O problema é que estas duas causas foram apropriadas pelo PS (…) O PS, habitualmente o partido da cigarra, transformou-se agora no partido da cigarra e da formiga”, esvaziando assim as causas da direita.

Por sua vez, defendeu, “o CSD e CDS não tiveram ainda o talento para descobrir novas causas”, como, por exemplo, o “ambiente” ou “um programa no domínio fiscal”.

O comentador político apontou que faltam “protagonistas de peso na oposição”, reconhecendo que este não é um problema de agora. “Assunção Cristas é uma pessoa com talento, mas não tem o capital político de Paulo Portas. Rui Rio tem qualidades, mas não tem o capital político de Passos Coelho”.

Por último, Marques Mendes defendeu que falta ainda coesão ao centro-direita, estando PSD e CDS “praticamente de costas voltadas”, entretidos com “guerras internas, lugares e pequenos poderes”

PS pode sonhar com maioria absoluta em outubro

Quanto ao PS, e tendo ainda por base as eleições europeias e a eventual crise na direita, Marques Mendes disse que a maioria absoluta é agora mais provável para os socialistas.

“A maioria absoluta estava antes das europeias enterrada, praticamente não havia chance. Agota, o resultado das europeias fez renascer a hipótese de o Partido Socialista poder vir a ter uma maioria absoluta em outubro”.

Segundo Marques Mendes, esta hipótese não cresce devido ao resultado do PSD – que foi “quase poucochinho”, mas antes pela diferença de mais de 10 pontos percentuais do PSD.

“O PS voltou a poder sonhar com a maioria absoluta e acho que se a maioria absoluta era difícil, agora é um bocadinho menos difícil. Se era quase impossível, agora é menos impossível. Acho que este é o novo tema que vai estar na agenda até ao dia das eleições”.

Caso o PS vença as eleições legislativas sem conseguir atingir a maioria absoluta, Marques Mendes acredita que os socialistas vão optar por um Governo minoritário, sem fazer coligações com outras forças políticas. “Ora negoceia no Parlamento à direita, com o PSD e o CDS, ora negoceia à esquerda com Bloco, PC ou com o PAN (…) é um Governo de geometria variável, caso a caso”, considerou.

Marques Mendes comentou ainda a eventual substituição de Ferro Rodrigues, atual presidente da Assembleia da República, por Carlos César. Na sua opinião, será “um sério erro político” do primeiro-ministro.

“Desde logo é um erro no plano da atitude, da correção e do decoro político (…) Ferro Rodrigues fez globalmente um bom lugar de Presidente do Parlamento (…) e não merecia esta desconsideração”, frisou.

“Se o Governo não tiver maioria absoluta e precisar de dialogar no Parlamento, Ferro Rodrigues é muito melhor solução que Carlos César, até porque, apontou, Carlos César “não é propriamente muito prestigiado, nem à esquerda e muito menos à direita”.

“César no lugar de Ferro é a prova provada do que são os partidos – máquinas trituradoras, sem grandes princípios, sem gratidão e sem grande visão de futuro”.

Diretora-geral do Fisco “devia pedir a demissão”

Marques Mendes analisou ainda a operação do Fisco, que a semana passada decorreu no concelho de Valongo, considerando que a Diretora-geral da Autoridade Tributária, Helena Borges, devia colocar o seu lugar à disposição.

O comentador considera que a diretora-geral, que veio dizer a público que não sabia sobre a operação, tinha “obrigação de saber”. “Se não leu o plano de ação que lhe foi enviado pela Direção de Finanças do Porto, deveria ter lido. Há, no mínimo, uma negligência”.

Por sua vez, apontou, o secretário de Estado do Fisco, António Mendonça Mendes, esteve bem neste caso, “porque agiu com rapidez e equilíbrio”.

Quanto à operação em si, que o ministro das Finanças, Mário Centeno, veio entretanto garantir que não se volta a repetir, Marques Mendes disse ser “excessiva” e “lamentável”. “Parece um tique medieval”, apontou.

SA, ZAP //

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7 Comments

  1. Ressabiado!
    O Rui Rio não lhe dá mama. Este é mais um chulo que quer viver à custa do sistema.
    O Rui Rio é uma lufada de ar fresco nesta quadrilha de ladrões instalada em portugal. infelizmente os portugueses não têm capacidade para entender o que se passa…

  2. Que novidade veio agora este “xico-esperto” trazer à opinião pública! Esta nulidade desconhecia que o PSD sempre foi um partido rural, um partido votado por uma franja muito grande da população residente maioritariamente no campo, em expressíssimas situações com alto grau de analfabetismo, que me perdoem as gentes do campo de quem muito dependemos e do qual faço parte, mas que durante muitos anos padeceu desse mal?
    Aquando do 25 de abril, 65% da população portuguesa era analfabeta, com maior predominância no norte do país e ilhas, onde os partidos de direita sempre foram mais expressivos, mandavam os padres e alguns professores primários que se julgavam muito importantes. Só não sabe isto quem o não viveu. Portanto, por aqui nada de novo, parece-me que têm agora um líder com sentido de estado como nunca tiveram, mas que tem pela frente um governo que tem sabido o que anda a fazer, e quando assim é…
    Pode contudo, se lho permitirem, dar enorme ajuda no futuro imediato e a prazo do nosso país, pelo qual todos nós daremos certamente o nosso melhor.

    • Concordo e convém não esquecer que este anão advogado mafioso já foi presidente o PDS (onde só fez “cenas tristes”!) e agora anda a mandar bitaites porque quer o Rio fora da liderança do PSD para ele e os seus amigos advogados deitarem novamente as mãos aos tachos através do PSD – é precisamente com este (e outros “negociantes” amigos da onça como este) que o PSD de Rui Rio se tem de preocupar!..

  3. Julgo que nas Legislativas a população portuguesa saiba reconhecer a competência de Rui Rio e o resultado do PSD ser outro. Até porque, dar maioria a quem quer seja não é, a meu ver, a melhor solução; “O barulho gerado no parlamento por governos minoritários e coligações, é o som da democracia a funcionar!

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