O PS e o CDS deram esta quinta-feira o pontapé de partida para as eleições legislativas de outubro. Depois de analisados os resultados das europeias, António Costa diz que os socialistas têm uma responsabilidade acrescida, enquanto Assunção Cristas apela à unidade interna no partido.
O secretário-geral do PS advertiu esta quinta-feira que a vitória socialista nas eleições europeias de domingo passado não pode ser encarada como um “cheque em branco”, mas como uma responsabilidade acrescida para o seu partido.
António Costa fez esta análise ao resultado das eleições europeias no discurso de abertura da reunião da Comissão Política Nacional do PS, em Lisboa, que, de forma inédita, foi aberta aos jornalistas. “Acho que temos boas razões para estarmos confiantes, reconhecidos pela confiança que nos foi renovada, mas perceber bem que essa confiança que nos foi renovada não foi um cheque em branco”, alertou.
“Foi mesmo uma responsabilidade acrescida que nós temos para concluirmos nesta legislatura o trabalho que ainda temos em curso, para responder às necessidades que os cidadãos sentem e de preparar com qualidade a próxima legislatura”, disse.
Num discurso em que fez uma especial saudação à sua secretária-geral adjunta, Ana Catarina Mendes, António Costa deixou ainda mais um recado aos membros da Comissão Política do PS. “Se hoje nos podemos orgulhar de podermos dizer que cumprimos tudo o que prometemos, é porque nos preparámos bem para saber o que podíamos prometer e estávamos em condições de cumprir.
“Essa confiança tem um valor imenso, não podemos abdicar dela e, na próxima legislatura, temos de voltar a provar que é possível”, acrescentou.
Cristas quer unidade interna
A presidente do CDS-PP fez esta quinta-feira um discurso um pouco diferente, no Conselho Nacional do partido, uma análise aos resultados das europeias e um apelo à unidade interna para as legislativas de Outubro, disseram à Lusa fontes partidárias.
Assunção Cristas fez a intervenção de abertura na reunião desta quinta-feira à noite, na sede nacional do partido, em Lisboa, a primeira desde as europeias de domingo, em que o CDS ficou em quinto lugar, elegeu um eurodeputado e falhou o objetivo de eleger um segundo representante no Parlamento Europeu.
De acordo com dirigentes presentes na reunião, a líder centrista fez um discurso à unidade interna no partido para as eleições legislativas, marcadas para 6 de Outubro.
Uma primeira consequência das eleições surgiu esta quinta-feira com a notícia da demissão do presidente da comissão política do CDS de Ovar por discordar da manutenção de Assunção Cristas na liderança do partido após o resultado nas eleições europeias.
O resultado nas europeias levou dirigentes como Filipe Lobo d’Ávila, do grupo “Juntos pelo Futuro” e que apresentou uma lista ao Conselho Nacional no último congresso do partido, e Abel Matos Santos, da Tendência Esperança e Movimento (TEM), a criticar a estratégia seguida pela direção.
À Lusa, na segunda-feira, dia seguinte às eleições, Lobo d’Ávila disse mesmo estar em choque com o resultado, mas não pôs em causa a liderança de Assunção Cristas, e é hoje um dos dirigentes presentes no Conselho Nacional que ainda decorria cerca das 23h.
De acordo com relatos feitos à Lusa por dirigentes presentes na reunião, Lobo d’Ávila alertou que Cristas “não tem margem de erro” nas legislativas e fez uma análise do que correu mal nas europeias em que o partido falhou o objetivo de ter dois deputados em Estrasburgo, ficando-se pela eleição de Nuno Melo, o cabeça de lista.
O PS venceu as eleições para o Parlamento Europeu de domingo, com 33,38%, elegendo nove dos 21 deputados, 11 pontos percentuais à frente do PSD, (21,9% e seis eurodeputados), seguindo-se o Bloco com 9,8% e a CDU com 6,8%, ambos com dois eleitos. O CDS ficou em quinto lugar, reelegeu Nuno Melo, com 6,2% dos votos, à frente do PAN, com 5,08%, que pela primeira vez terá um deputado no Parlamento Europeu.
ZAP // Lusa