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Debate Europeias. Uma “bomba orçamental”, muito “socratismo” e pouca Europa

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European Parliament / Flickr

Os candidatos dos seis maiores partidos debateram esta quarta-feira na TVI. O segundo “todos contra todos” foi mais aceso do que o primeiro, com muitas trocas de galhardetes e (muito) pouca Europa.

No segundo debate das eleições europeias emancipou-se o duelo esquerda versus direita, dois blocos assumidamente divididos. De um lado, o PS, CDU e BE, que lembraram os avanços na melhoria dos rendimentos em Portugal – uma lógica que querem defender na Europa -, do outro, PSD e CDS, que atacaram a posição socialista, centrando-se no desaproveitamento dos fundos europeus.

A bomba orçamental foi a primeira a rasgar o debate e a acender as achas da fogueira. O mote foi a crise política desencadeada pela reposição do tempo de serviço dos professores e a voz foi a de Pedro Marques, que rompeu o cenário com uma acusação ao PSD e ao CDS, por terem lançado uma “bomba orçamental de 800 milhões de euros“.

“Como podem falar de responsabilidade orçamental?”, questionou o cabeça-de-lista do PS. Foi uma “tragédia de má qualidade que deixou marcas na credibilidade” de ambos os partidos. Esta foi a resposta do socialista a Paulo Rangel, candidato do PSD, que apontou o dedo a Rangel, acusando-o de ser um dos rostos da crise de 2011, por ter feito parte do Governo de José Sócrates.

A estratégia de Rangel é clara e nem o social-democrata a esconde: lembrar constantemente os portugueses, repetindo quantas vezes forem necessárias, que Pedro Marques foi governante no tempo de Sócrates.

Rangel tentou desviar o assunto, e chegou mesmo a afirmar que não estava a falar de José Sócrates. Mas durou pouco tempo, tendo mudado de ideias no minuto seguinte: “Falo sempre. Porque um país que passou pelo que nós passamos nunca se esquece disso.”

Depois, exigiu um mea culpa a Pedro Marques por ter feito parte desse Governo. “No seu caso que foi seis anos membro de um Governo de José Sócrates nunca fez essa retratação. Estamos à espera que a faça um dia.”

Marisa Matias decidiu colocar o ponto final no assunto, falando numa “falsa crise” em relação à crise política e em “números martelados”. “Só houve dois partidos que não mudaram de opinião”, um deles o Bloco de Esquerda”, atirou.

Marques e Rangel trocavam galhardetes quando Marinho e Pinto, cabeça-de-lista do Partido Democrático Republicano (PDR), pediu para se falar da Europa. Criticando o primeiro-ministro António Costa, que puxou as eleições europeias para o lado nacional, Marinho e Pinto afirmou que “todos o criticam, mas todos fazem o mesmo”. “Vamos discutir a democracia na Europa que está seriamente ameaçada.”

Com as questões europeias (finalmente) em cima da mesa, surgiram os fundos estruturais. O primeiro a tocar na ferida foi Paulo Rangel, dizendo que foi por responsabilidade de Pedro Marques que houve um corte de 1,6 mil milhões de euros nos fundos de coesão.

“Não é verdade, já vai ver”, disse o socialista, exibindo alguns quadros que mostram que, a preços correntes, não houve o corte de 7% nos fundos de que falava o social-democrata. Segundo o Público, os fundos europeus foram um dos temas quentes neste segundo debate, que levaram a uma acesa troca de acusações entre o socialista e o social-democrata.

Antes, Nuno Melo quis caracterizar Pedro Marques. Afirmando que tinha havido uma redução de 40% nos fundos europeus, o cabeça de lista do CDS-PP acusou Marques de ser o candidato das fake news.

“Disse que o Ferrovia 2020 está executado em 40%. Está ou não?”, questionou, dirigindo-se ao socialista, que não quis responder. Depois de muita insistência, Pedro Marques disse que era mentira e, numa reação no limite do tempo, Nuno Melo mostrou o papel que disse ser da Comissão Europeia e onde se garantia uma execução “de apenas 25%”. “Pedro Marques é o candidato das fake news.”

João Ferreira, da CDU, lembrou que houve, de facto, um “corte no orçamento nas verbas para Portugal”. Já a cabeça-de-lista do Bloco lembrou os “cortes sucessivos” que foram aceites pelo PS, PSD e CDS. “Sinto-me envergonhada, não estamos a respeitar quem está lá em casa, não é por se falar mais alto que se tem razão”, afirmou, numa tentativa de pôr termo à troca de críticas constante entre Pedro Marques e Paulo Rangel.

O puxar das brasas às sardinhas

A primeira foi Marisa Matias, que defendeu que votar no Bloco de Esquerda é “dar força a um caminho” que o país começou a fazer nos últimos quatro anos, e que tem de continuar. “Não cedemos aos interesses financeiros nem imposições de Bruxelas.”

Seguiu-se João Ferreira, da CDU, que afirmou que “quando foi preciso defender Portugal na Europa, foi a voz dos deputados da CDU que lá se ergueu”. “Não defendemos a visão de um país isolado, virado de costas para os outros, queremos uma outra Europa.”

Paulo Rangel atirou três argumentos para os portugueses preferirem o PSD: “O peso político acrescido, as propostas concretas e a lista que credibiliza muito”. Como uma das medidas, apresentou um programa de luta contra o cancro – aqui, Matias e Ferreira apontaram-lhe o dedo, por não saber que esse programa já existe.

Nuno Melo referiu que o “CDS representa o aproveitamento do que o PS desperdiça”, destacando sobretudo os fundos para a agricultura. Além disso, afirmou querer “ajudar a que a esquerda não se reforce e que os extremismos não cresçam”.

Por último, Marinho e Pinto, que criticou todos os anteriores candidatos, dizendo que estão em “teatralizações”. “Cheira a eleições e votos, começam a criar artificialmente” estas teatralizações, afirmou. Uma forma de estar sem artificialismos é uma das coisas que quer manter em Bruxelas e por isso pede o voto.

Depois de cada um dos seis cabeças-de-lista ter utilizado o seu minuto final, o debate chegou ao fim. Uma bomba orçamental, muitos galhardetes entre Pedro Marques e Paulo Rangel, “socratismo” e pouca Europa marcaram o segundo debate destas eleições europeias, que têm data marcada para dia 26 de maio.

LM, ZAP //

4 Comments

  1. Eu não vi porque nunca vejo. Não perco tempo com isso. É lavar de roupa suja e puxar a brasa à sardinha deles. Só se me pagassem!!

  2. Muito interessante os “combates políticos”, só falta lá os bombeiros para lavarem os ouvidos dos participantes e outros mais “pulhíticos”, com as agulhetas de alta pressão de combate a incêndios (pode ser que o cérebro fique diluído e desapareça o lado maquiavélico e diabólico!!!)!!!!!!!!!. Esquerda/direita, nazismo/ estalinismo…. “Demokratur”/cleptocracia, mentiras ou semi-verdades manipuladas no final eles “comem e bebem” e o otário povo que se f…. Que rico futuro vai ter este país, não falando na célebre e “democrática” desunião europeia!!!!!!!

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