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Protetor solar entra na corrente sanguínea após apenas um dia de uso

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Um estudo mostra que, apenas um dia depois do seu uso, os químicos dos protetores solares entram na nossa corrente sanguínea. O governo americano está a fazer investigações adicionais em relação ao problema.

De acordo com um estudo piloto realizado pela Administração de Drogas e Alimentos dos EUA (FDA) e publicado na revista médica JAMA, os ingredientes de vários protetores solares comuns entram na corrente sanguínea depois de apenas um dia de uso.

Esses níveis são altos o suficiente para que o governo americano conduza investigações adicionais de segurança. As quatro substâncias químicas estudadas — avobenzona, oxibenzona, ecamsule e octocrileno — fazem parte de uma dúzia que, segundo a FDA, precisam de ser melhor investigadas pelos fabricantes antes de poderem ser consideradas “seguras e eficazes”.

No estudo piloto, a concentração sanguínea de três desses quatro ingredientes continuou a aumentar devido ao uso diário e permaneceu no corpo por pelo menos 24 horas após o fim do uso.

Os resultados não significam que se deve parar de usar protetor solar. Mais estudos precisam de ser realizados para determinar se há implicações médicas verdadeiras relacionadas com a absorção de certos ingredientes, conforme explica o dermatologista da Faculdade de Medicina da Universidade Yale e porta-voz da Academia Americana de Dermatologia, David Leffell.

“Não é novidade que as coisas que colocamos na pele são absorvidas pelo corpo”, complementou Scott Faber, vice-presidente sénior do Environmental Working Group. “Este estudo é a maneira da FDA mostrar aos fabricantes de protetores solares que eles precisam de fazer testes para ver se a absorção química representa um risco para a saúde”.

Num editorial que acompanhou o estudo, o ex-presidente da FDA, Robert Califf, assegurou aos leitores que só porque o estudo encontrou níveis químicos acima das diretrizes não significa que esses ingredientes sejam inseguros.

O estudo piloto

O estudo da FDA envolveu 24 voluntários saudáveis ​​que foram aleatoriamente designados para usar um protetor solar de spray ou creme que continha avobenzona, oxibenzona ou octocrileno como ingredientes, ou um protetor solar em creme que continha ecamsule.

Os voluntários foram convidados a colocar o protetor solar designado em 75% do corpo, quatro vezes por dia, durante quatro dias. Trinta amostras de sangue foram recolhidas de cada voluntário durante sete dias.

Das seis pessoas que usaram o protetor com ecamsule, cinco tinham níveis do produto químico no sangue considerados estatisticamente significativos até ao final do primeiro dia. No caso dos outros três produtos, todos os voluntários apresentaram níveis significativos após o primeiro dia.

A oxibenzona, em especial, foi absorvida pelo corpo numa concentração 50 a 100 vezes maior do que qualquer outro produto químico testado.

Quais os potenciais problemas?

Em 2008, os Centros para Controle e Prevenção de Doenças dos EUA analisaram amostras de urina recolhidas por um estudo do governo e encontraram oxibenzona em 97% delas. Desde então, estudos mostraram uma ligação potencial entre a oxibenzona e níveis mais baixos de testosterona em meninos adolescentes, alterações hormonais em homens e gestações mais curtas e alterações de peso em bebés.

De todos os ingredientes usados em protetores solares, a oxibenzona é conhecida por ser a causa mais comum de alergias. Um estudo descobriu que 70% das pessoas testaram positivo quando expostas a este químico.

Um estudo suíço também encontrou oxibenzona, ou um dos quatro outros produtos químicos para proteção solar, em 85% das amostras de leite materno, o que provocou preocupação de que os recém-nascidos pudessem ser expostos.

A União Europeia substituiu a oxibenzona nos seus protetores solares por outras substâncias que bloqueiam mais os raios UVA e UVB. No entanto, estes novos produtos químicos ainda não passaram nos testes de segurança necessários para a aprovação da FDA.

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