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Braço de ferro na Venezuela entre a “rebelião pacífica” e a “lealdade absoluta” dos militares

Erik S. Lesser / EPA

Manifestantes sairam às ruas de Caracas em apoio a Maduro e a Guaidó

O autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, insistiu que o Chefe de Estado, Nicolás Maduro, não tem “o apoio nem o respeito” das Forças Armadas e apelou aos venezuelanos para voltarem às ruas para uma “rebelião pacífica”. Firme no poder, Maduro pede aos militares a sua “lealdade absoluta”.

Uma mobilização popular insuficiente no apoio à “Operação Liberdade” lançada esta terça-feira pela oposição, liderada por Juan Guaidó, e a fraca adesão dos militares, que parecem manter fidelidade ao presidente Nicolás Maduro, poderão ter ditado o fracasso da revolta.

Mas o presidente da Assembleia Nacional não baixou os braços. Ao início da manhã deste 1º de Maio, Juan Guaidó anunciou o “início da fase final da Operação Liberdade para afastar Maduro do poder”, numa intervenção junto à base aérea La Carlota, em Altamira, onde surgiu na companhia do líder oposicionista Leopoldo Lopez.

“Maduro não tem o apoio, nem o respeito das Forças Armadas. Muito menos do povo da Venezuela, porque não protege ninguém, porque não oferece resultados nem soluções”, disse Guaidó num vídeo divulgado esta terça-feira através do Twitter.

Segundo Juan Guaidó, na terça-feira os venezuelanos viveram “um dia histórico para o país, no início da fase definitiva da ‘Operação Liberdade'”.

“Vimos que a pressão e os protestos, geram resultados, que não apenas o reconhecimento do mundo. Esses militares valentes fizeram o chamamento e milhares de venezuelanos saíram às ruas”, disse.

“Continuem a avançar na ‘Operação Liberdade’, no resgate da dignidade do nosso povo, da nossa gente, da nossa família”, apelou Guiadó às Forças Armadas da Venezuela.

“Esse é o desafio, por isso, este 1 de maio, vamos continuar. Vamos ver-nos nas ruas, nos pontos de concentração que definimos, em todo o território da Venezuela. Esse é o nosso território”, sublinhou.

“Na Venezuela, hoje, não há possibilidade de um golpe de Estado, a menos que me queiram prender”, frisou, acrescentando que “hoje a Venezuela tem a possibilidade de uma rebelião pacífica, como foi esta terça-feira, contra um tirano que se fecha entre quatro paredes por medo de dar a cara à nossa gente”.

O autoproclamado presidente interino da Venezuela afirmou ainda que os venezuelanos, pacificamente, têm “a possibilidade de continuar o futuro e ir até à fase definitiva da operação liberdade”.

Juan Guaidó desencadeou na madrugada de terça-feira a “Operação Liberdade“, um ato de força contra o regime do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, em que envolveu militares e para o qual apelou à adesão popular.

Apesar de Guaidó ter afirmado que tinha os militares do seu lado, nenhuma unidade militar aderiu à iniciativa nem se confirmou qualquer deserção de altas patentes militares fiéis a Nicolas Maduro.

Miguel Gutierrez / EPA

Juan Guaidó com Leopoldo López

Maduro pede “lealdade absoluta” aos militares

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, apelou às Forças Armadas Bolivarianas (FAB) para que mantenham “lealdade absoluta” ao seu Governo, no mesmo dia em que um grupo de militares venezuelanos apoiaram uma tentativa de golpe do líder opositor Juan Guaidó.

Chamo as FAB a unirem-se cada vez mais ao povo e à lealdade absoluta e a ter presente o provérbio do coração, que diz: leia sempre, traidores nunca. Junto do povo, sempre. Junto da Constituição”, disse.

O apelo foi feito, esta terça-feira , durante um discurso ao país, transmitido em simultâneo, de forma obrigatória, pelas rádios e televisões venezuelanas, desde o palácio presidencial de Miraflores, em Caracas.

O líder venezuelano desmentiu ainda quaisquer intenções de abandonar o poder e refugiar-se em Cuba, como avançou o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo. “Dizia Mike Pompeo que eu, Maduro, tinha um avião ligado, para ir para Cuba, para fugir e que os russos me fizeram descer do avião proibiram-me abandonar o país. Senhor Pompeo, por favor, que falta de seriedade”, acusou.

Segundo Maduro, uma “intervenção militar, o golpismo, um confronto armado não são o caminho para a Venezuela. Os venezuelanos têm de resolver as diferenças em paz, respeito mútuo, sob a premissa da liberdade constitucional” que desfrutam.

“A nossa causa é enfrentar, todos os dias, os problemas que o nosso povo tem, produto das sanções e das agressões imperialistas. A nossa causa é a causa de Bolívar, não a de Monroe”, frisou.

Por outro lado, acusou a oposição o fundador do partido opositor Vontade Popular, Leopoldo López, de estar a promover violência no país e ordenou ao ministro de Comunicação, que divulgue, nos próximos dias, “as provas da tentativa golpista” de terça-feira.

“Devemos mostrar toda a verdade da ação armada e violenta”, disse o Chefe de Estado, que garantiu que a base aérea militar de La Carlota nunca foi “tomada” pelos militares “traidores”.

ZAP // Lusa

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