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Unidades de cuidados continuados admitem fechar portas já em maio

Mário Cruz / Lusa

Há escassez de camas nos cuidados continuados, mas a situação pode agravar-se, havendo mesmo a possibilidade de encerramento de várias unidades especializadas.

Há responsáveis de unidades de cuidados continuados que, por falta de resposta do Governo, admitem fechar portas. Segundo a Renascença, muitos não conseguem pagar os salários aos seus trabalhadores nem saldar contas com fornecedores.

Quem denunciou a situação foi José Bourdain, presidente da Associação Nacional de Cuidados Continuados, no seguimento de uma denúncia do presidente da “Domus Fraternitas”, uma IPSS da Ordem Franciscana que gere “O Povorello”, o único centro de cuidados paliativos do distrito de Braga.

À rádio, o responsável deu o exemplo de uma organização que dirige, que tem duas unidades de cuidados continuados. Bourdain afirmou que fez um investimento de três milhões de euros numa delas e que recebeu 750 mil euros a fundo perdido.

“Nesse contrato que assinámos, comprometemo-nos a não deixar a rede de cuidados continuados durante oito anos”. O problema é que “as regras do jogo alteraram-se completamente”.

O Governo aumentou-nos brutalmente os custos, não nos aumentou do lado da receita e, neste momento, as unidades de cuidados continuados dão imenso prejuízo e estão a ser pagas abaixo do preço de custo”, denunciou.

Por estes motivos, a sua organização – e outras – estão a ponderar fechar portas, algo que, segundo o responsável, pode acontecer já no próximo mês de maio.

A Associação Nacional de Cuidados Continuados culpa o Governo pela má gestão da rede de cuidados paliativos. Além disso, queixa-se ainda da falta de diálogo.

Bourdain disse à Renascença que chegou a estar marcada uma primeira reunião com a secretária de Estado da Saúde e Segurança Social em março, mas que o encontro acabou por ser desmarcado e não mais reagendado.

“Infelizmente isto é prática na política, finge-se que se dialoga para se tentar atrasar as coisas, para de alguma forma nos tentar condicionar para não entrarmos com ações em tribunal como estamos para entrar, para não fazermos comunicados de imprensa, para não falarmos publicamente dos problemas. Na nossa opinião, é uma forma de tentar que fiquemos quietos e sossegados para não criar ondas em vésperas de eleições”, rematou.

ZAP //

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