Um novo estudo, levado a cabo pela NASA, identificou as bactérias e fungos que habitam a Estação Espacial Internacional (EEI), revelando que a EEI é uma espécie de “ninho” para estes organismos.
A investigação, publicada esta segunda-feira na revista especializada Monday Microbiome Journal, visa catalogar estes organismos de forma a conseguir desenvolver novas medidas de segurança para futuras viagens espaciais.
Em comunicado, Kasthuri Venkateswaran do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, adiantou que a bactérias e os fungos em causa podem afetar a saúde humana, podendo influenciar algumas patologias, como alergias ou doenças infecciosas. Neste contexto em particular, explica o responsável, os os astronautas ficam ainda mais expostos, uma vez que já têm a sua imunidade alterada devido à viagem espacial.
Checinska Sielaff, cientista da equipa de investigação, esclareceu que o desenvolvimento de doenças depende de vários fatores, como “o estado de saúde de cada indivíduo” e a “forma como estes organismos se comportam em ambiente espacial”.
“É importante identificar os tipos de microrganismos que podem acumular-se nos ambientes únicos e fechados associados ao voo espacial, quanto tempo sobrevivem e o seu impacto na saúde humana e na intra-estrutura da nave espacial”, elencou Venkateswaran.
O novo estudo oferece o catálogo mais abrangente e completo de bactérias e fungos que vivem na EEI, detalhando o perfil microbiológico distinto e em constante mudança da estação. Desde que foi estabelecida, em 1998, a EEI já recebeu 227 astronautas que, invariavelmente, introduziram uma gama de microrganismos na estrutura.
Génese e tipo de organismos encontrados
A investigação da NASA concluiu que a maioria dos micróbios detetados na EEI está associada aos humanos. O organismo mais presente é o estafilococos, seguindo-se depois o Pantoea e o Bacillus. Foram também encontrados organismos considerados patogénicos oportunistas na Terra, tais como o Staphylococcus aureus, que aparece geralmente na pele e nas vias nasais, e o Enterobacter, relacionado com o foro gasto-intestinal.
Na Terra, estes organismos são comummente encontrados em ginásios, escritórios e hospitais, o que sugere que a EEI é semelhante a outros ambientes construídos e moldados pela ocupação humana, observa a agência Europa Press.
Para identificar os organismos, a equipa recorreu a técnicas agrícolas tradicionais e a métodos de sequenciamento de genes que foram aplicados em oito zonas distintas das EEI, como a casa de banho, a mesa de jantar, o quarto, a janela de exibição e a plataforma de exercício. O estudo foi conduzido em três voos durante um período de 14 meses.
Com estes dados, os cientistas conseguiram estudar se as bactérias e fungos diferem consoante a sua localização na Estação Espacial Internacional e o fator tempo. A equipa descobriu que os fungos se mantiveram estáveis, enquanto que as comunidades microbianos iam mudando com o passar dos meses.
Os organismos da EEI são influenciados por uma série de fatores, como a ventilação, a humidade, a pressão do ar e até a disposição da estação. A quantidade e a diversidade destes seres é diretamente afetada pelo número de astronautas e bordo e pelo número de atividades realizadas a bordo, tal como observa o portal Gizmodo. Por tudo isto, interessa à NASA saber a quantidade e as estirpes destes seres que vivem a bordo da EEI.
O “primeiro catálogo completo de bactérias e fungos encontrados na superfície de sistemas espaciais fechados” permitirá desenvolver “medidas de segurança que atendam às exigências da NASA para a expansão humana no espaço”, rematou Venkateswaran.